O “alvalade.info” por João Madeira

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6 Comentários

Paços e pelourinho de AlvaladePoucas localidades disporão de um site dedicado ao Património Cultural e à História local, tão diversificado, tão completo e tão cuidadosamente elaborado como Alvalade, antiga sede de concelho e actual freguesia de Santiago do Cacém. Refiro-me ao alvalade.info (www.alvalade.info).

Fruto da acção tenaz e persistente de Luís Pedro Ramos, acumula vários anos de existência e após um encerramento temporário nos primeiros meses de 2010, regressou francamente melhorado e evidenciando um dinamismo incomum. Foi uma espécie de golpe de rins, ouvindo os apelos vindos de vários lados para que continuasse.

Pelo site passam as memórias da terra – ecos de uma prosperidade antiga, içada a pulso, que o tempo e os homens se encarregaram de obscurecer, na sombra agora, um agora de mais de um século, de um concelho grande, com a sede distante e elites envaidecidas com o seu umbigo, mas sempre temerosas da sombra que alguma ou algumas freguesias possam fazer ao centralismo simbólico radicado na pequena e estiolante cidade a partir de onde governam.

O que o site tem de mais estimulante é que combina defesa do património, com memórias sociais e história local, conferindo-lhes dimensão cívica e factor de desenvolvimento. É justamente nesse sentido, que adquire projecção local e interesse bem mais abrangente.

Alvalade.info constitui assim instrumento de resistência local, pelo que potencia de inconformismo cívico. Não admira, por isso, que não se trate de um site propriamente “bem amado” junto dos pequenos e dos pequeníssimos poderes locais, sempre ciosos, do alto da sua ilusória “grandeza”, de um discricionarismo tantas vezes medíocre e ridículo na gestão da coisa pública.

Exemplo disto é a atribuição recente de um subsídio municipal inferior a 2500 euros para dar seguimento a um projecto de museu local, que continua assim, e sem ser assim, como projecto paulatinamente adiado.

                                                   João Madeira

Fonte: Setúbal na Rede

Sabe sempre bem ver o nosso trabalho reconhecido e ler estas palavras que o Prof. João Madeira dedicou ao “alvalade.info”, no portal “Setúbal na Rede“. Ao Prof. João Madeira…muito obrigado pelas palavras gentis e motivadoras e pela referência a esta página.

_LPR

6 Respostas a O “alvalade.info” por João Madeira

  1. Ana Santos   13 de Julho de 2011 at 23:31

    Há freguesias que são sempre sombras incómodas para Santiago, talvez seja o caso de Alvalade Sado, assim como este tipo de sites que fazem opinião pública também não são do agrado geral como diz e bem o João Madeira. Aproveito também para felicitar os administradores da página pelo bom trabalho que têm feito.

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  2. Francisco Lobo de Vasconcellos   14 de Julho de 2011 at 10:59

    Eu não vejo Alvalade com este negativismo…mas como um exemplo de uma freguesia que dá o exemplo a outras.
    Alvalade tem eventos que trazem mais gente, mais divulgação, mais retorno financeiro do que praticamente as restantes freguesias.
    Alvalade tem um site, onde, como agora, podemos conhecer mais sobre esta terra, trocar ideias e comentários.
    Alvalade tem muitas pessoas que puxam pela sua terra, com amor à camisola, que realizam (mesmo com modestos meios ou correntes adversas) festas, factos, acontecimentos.
    Por isso, não vejo Alvalade com negativismo ou no papel de “coitadinha”.
    Por isso, vejo Alvalade, como exemplo a seguir por TODAS as freguesias do Concelho.
    Parabéns pelo trabalho e exemplo que dá, e que muito se deve ao “Alvalade.info” e ao Luis Pedro Ramos e a todos os Alvaladenses que amam a sua terra.

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  3. admin   14 de Julho de 2011 at 11:25

    Ao alcance de Alvalade, pouco mais se poderá fazer. É um facto. Eventos como o “Alvalade Medieval”, o “Raid BTT Alvalade – Porto Covo”, o “Encontro Motard”, entre outros, não têm rivais noutras freguesias com a dimensão de Alvalade e são marcas com algum peso.
    A questão principal está nos investimentos estruturantes, fora do alcance dos meios da própria freguesia.
    – Não é fácil compreender, por exemplo, que em pleno século XXI, os esgotos da Mimosa ainda sejam descarregados directamente no rio Sado, sem qualquer tratamento. É uma mancha muito negra para o concelho.
    – Não é fácil compreender que a Praça D. Manuel I esteja por requalificar em 2011, quando já em 1996 teve um projecto apresentado publicamente aos alvaladenses na Casa do Povo, e que apenas viu recuperado o pelourinho em 2000.
    – Não é fácil ver o cinema de Alvalade encerrado há quase 30 anos, com promessas sucessivas de transformação em Centro Cultural que saltaram de mandato em mandato e entretanto já foi abandonada.
    – É muito difícil conviver com o estado de abandono em que o nosso pequeno centro histórico está votado.
    – Alvalade não tem um parque desportivo em condições para os jovens.
    – Alvalade tem uma ETAR obsoleta.

    Tudo isso (e são apenas alguns exemplos) são necessidades estruturantes, cruciais para a qualidade de vida da população e que não dependem da freguesia mas do município e da sua capacidade financeira e vontade política.

    Muito obrigado Francisco pelas palavras gentis, que sei que são sinceras, sobre o “alvalade.info”. Agradecimento que é extensivo à Ana Santos.
    _LPR

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  4. Preciosa Sacramento Alves Agostinho Marques Mendes   23 de Abril de 2012 at 22:41

    Eis o artigo do Prof. João Madeira, tão verdadeiro e tão actual!
    Deve ser lido e relido. Todos concordarão com ele!.

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  5. Jorge Severino   24 de Abril de 2012 at 21:58

    Conheço razoavelmente Alvalade Sado, Ermidas e ao ler neste site as queixas dos alvaladenses percebo muito bem a opinião do Prof. João Madeira quando fala em centralismo em Santiago. Para não desafinar da época apetece-me dizer que faz falta um 25 de Abril em todo o interior do concelho que está praticamente MORTO. J. Severino

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  6. admin   25 de Abril de 2012 at 13:32

    Exemplo disto é a atribuição recente de um subsídio municipal inferior a 2500 euros para dar seguimento a um projecto de museu local, que continua assim, e sem ser assim, como projecto paulatinamente adiado“.

    Este parágrafo do texto de 2011 do Doutor João Madeira, em cima, foi francamente certeiro e premonitório. Um ano depois, o projecto do museu de arqueologia de Alvalade, foi suspenso. Infelizmente. É apenas mais um tiro na identidade e no património alvaladense, a somar a muitos outros.
    _LPR

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