Pela caixa postal de pedra adossada na frontaria dos antigos correios na rua de S. Pedro entraram, durante várias décadas, as boas e as más notícias de Alvalade antes de seguirem pelo comboio, primeiro, e mais tarde pelas estradas nacionais com as novidades da vida da terra para os familiares e amigos que residiam noutras regiões do país ou no estrangeiro. Pela fresta da caixa entraram alegrias, tristezas, sonhos, esperanças, dramas, as dificuldades do dia-a-dia, fotografias, cartões de boas festas, promessas de amor eterno entre namorados ou pretendentes, datas e convites de casamento ou baptismo mas também as saudades e os votos de boa sorte para os militares alvaladenses em missão na guerra colonial. Com paradeiro desconhecido, restam-nos hoje as memórias desses tempos e uma velha fotografia da caixa a quem muitos de nós entregámos e confiámos parte importante das nossas vidas…
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Ainda bem que existem fotografias antigas e alguém que nos relata como funcionavam estas instituições. O correio era transportado num carro de mão pelo Sr. Luís até à estação da C.P. Carrinho cuja roda fazia uma chiadeira que fazia eco no Largo do Adro, onde eu morava. Lembro-me como se fosse hoje e já lá vão cinquenta e muitos anos.