Após a tomada do Castelo de Aljustrel dos mouros, por D. Sancho II, em 1234, todo este território foi doado pelo rei à Ordem Militar de Santiago, que emancipando-se da espanhola a que estava subordinada, devido aos esforços de el-rei D. Dinis, se reorganizou em 1322, dividindo o seu domínio territorial em 60 comendas, tendo uma delas a sua sede em Alvalade, e precisamente com a área e confrontações actuais.
As características das comendas do Campo de Ourique, que eram 15, deram azo a que se regulassem por forais quase idênticos e pelas chamadas leis costumeiras.
Logo que D. Paio Peres Correia aceitou a doação de D. Sancho II a favor da Ordem de Santiago de que ele era Comendador em Alcácer, deu forais a algumas vilas do que há notícia; tendo, possivelmente, também dado foral a Alvalade, pois era pelos forais ou pelas leis costumeiras que se fazia a administração destes territórios. O foral concedido a Alvalade por D. Manuel I, deixa perceber que havia um foral anterior, ou comum a todo o Campo de Ourique, ou singular.
O cargo de Comendador esteve sempre na ilustre família dos Sousas. Em 1471 e 1475 era comendador de Alvalade, João de Sousa, filho de Martim Afonso de Sousa, 3º senhor de Mortágua, Ferreira e Represas, sendo, portanto, João de Sousa, comendador de Alvalade, Ferreira e Represas.
Em 1516, era comendador de Alvalade, Cristóvão Correia. Sua filha, D. Filipa de Atayde casou em 1516, com Álvaro de Sousa, veador da rainha D. Catarina, mulher de D. João III. Deste casamento nasceram vários filhos, e entre estes D. Catarina de Atayde que Camões imortalizou nas suas poesias dedicadas a Natércia.
Em 1471 João de Sousa, filho de Martim Afonso de Sousa, 3º senhor de Mortágua e de onde procedem os títulos: Conde de Miranda do Corvo, Marquesado de Arronches e Ducado de Lafões, tinha já em 1471 a Comenda de Ferreira, Represas e Alvalade, com as rendas da aldeia de Colos.
Em 1542, um Martim Afonso de Sousa, foi vice-rei da Índia, para onde seguia, acompanhado de S. Francisco Xavier. Filipe I deu a comenda de Alvalade a Henrique de Sousa, 1º Conde de Miranda, como recompensa de ter seguido o seu partido.
No Dicionário Histórico de Portugal, tratando de Henrique de Sousa, 1º Conde de Miranda e seus descendentes, diz-se que, tomando o partido de Espanha após a derrota de Alcácer Quibir, quando o rei Filipe II de Espanha entra em Portugal, lhe fez mercê da Comenda de Alvalade, no Campo de Ourique, pertencente à Ordem de Santiago.
Em 1551, por morte do Mestre D. Jorge de Lencastre, Duque de Coimbra, reinando D. João III, uniram-se todos os Mestrados, in perpectuum na Coroa, por Bula do Pontífice Júlio III, de 4 de Janeiro de 1551. Depois desta união, em algumas comendas, andaram separadas as jurisdições. A magistratura judicial, exercida até D. João III, pelos juízes municipais eleitos pelo concelho e aprovados pelo Comendador, como representantes do rei ou pelo donatário, foi desde então exercida por ministros (juízes) formados, de nomeação real cuja alçada tinha mais amplitude que a dos juízes municipais ou ordinários (Annais do Município de Santiago do Cacém, fols. 22 e 23).
Alvalade honra-se por a sua comenda ter pertencido à ilustre família dos Sousas, ligada a tantos feitos notáveis da História de Portugal.
_Apontamentos históricos do Padre Jorge de Oliveira (1865/1957), pároco de Alvalade entre 1908 e 1936, para uma monografia que não chegou a publicar.
Artigo relacionado: Rendeiros da Comenda de Alvalade
Um notável texto do P. Jorge, que bem merece ser conhecido. Louvo o esforço de Luís Pedro Ramos e relembro a necessidade absoluta de se publicar, em livro, a todos acessível, uma colectânea dos textos do ilustre investigador, que tanto honrou Alvalade.
Em 1800 e poucos nasce em Alvalade João Maria de Sousa……….
Mais um belíssimo texto sobre a História de Alvalade. Parabéns!!!
As pedras já referidas (moventes e dormentes) e q o Dr Luís tem conhecimento foram entregues por José Maria de Sousa Cabeça, filho de Ana Luis de Sousa Cabeça, nascida antes de 1900. Vou tentar as datas certas dos nascimentos….
Os Alvaladenses devem ficar muito gratos ao P.Jorge pelos textos que deixou sobre Alvalade e que nos dão tantos conhecimentos sobre a Terra que talvez sem eles não se sabia uma grande parte da sua história.
Ao Luis também se deve um obrigado muito especial pelo esforço, trabalho e dedicação, que sem ele talvez estes textos não fossem publicados.
De acordo com todos os comentários, destacando a opinião do amigo Dr.José Antonio Falcão. Se a Família facultar os escritos, o Municipio devia apoiar a publicação dum livro reunindo todas as investigações do Padre Jorge de Oliveira. Não indico a Junta de Freguesia nesse apoio, porque conheço as carências financeiras.
O Dr. Falcão sempre tem mostrado interesse por Alvalade, o Dr. Luis Pedro Ramos neste seu site é o melhor divulgador da nossa terra, mas sabemos que o Dr. Milton Pacheco também não recusaria a sua colaboração. Para ilustrações temos o Eng. António Saiote e a Milita Pereira Dias. Alvalade dispõe de naturais e amigos para um bom trabalho. No Municipio a Vereação da Cultura poderá ajudar.
Espero que os leitores deste site se pronunciem.
JRN
Concordo que seria muito importante publicar os estudos do Padre Jorge em livro, para que todos os tipos de público tivessem acesso a eles. Porém, pelo que me tenho apercebido ao longo dos 12 ou 13 anos de vida do “alvalade.info” não creio que estas questões e outras relacionadas com a História, o património, ou o centro histórico, sejam matérias do interesse da população ou façam parte das suas preocupações. O grosso dos leitores desta página, incluíndo os que comentam os artigos, são alvaladenses não residentes ou outras pessoas que sem serem naturais de Alvalade reconhecem o interesse e algum valor ao “alvalade.info” que muitas vezes tem assumido posições e opiniões em nome do interesse geral da freguesia, com pouco ou nenhum apoio local, que apenas servem para granjear ofensas, dissabores e últimamente até ameaças ainda que pouco concretas. É um contexto pouco motivador para fazer mais seja o que for.
_LPR
Caro Dr. Luís Pedro,
Não desanime, hão-de vir tempos mais propícios à cultura dessa histórica vila, que muito prezo. O seu trabalho é motivador para todos os que amamos o património alvaladense.
Depois da m/mensagem no dia 25, a opinião do Dr. Falcão dá esperanças para que seja possível realizar o sonho dos bons Alvaladenses.
JRN
Vamos mantendo a esperança em dias melhores mas oxalá quando eles vierem não seja já tarde de mais.
_LPR