Ao longo de vários séculos, no dia 16 de Agosto de cada ano eram muitos os alvaladenses e moradores dos lugares ao redor do concelho que percorriam as terras do Faial para venerar S. Roque na sua ermida, levantada em terras do Faial, no último quartel do século 15. O templo surge referido, por exemplo, na visitação realizada em Novembro de 1510, dois meses após a outorga do foral manuelino a Alvalade. A inspecção da Ordem de Santiago realizada à Comenda de Alvalade entre os dias 22 e 27 de Novembro de 1510, superiormente dirigida pelo Grão-mestre dos espatários, D. Jorge de Lencastre, filho legitimado do Rei D. João II, levaria a comitiva inspectora ao Faial e a S. Roque para conhecer e verificar as condições da ermida. No local, o Mestre de Santiago deparou-se com um pequeno templo, de uma só divisão, com 4.95 metros de comprimento por 4 metros de largura, com paredes de taipa, um pequeno altar igualmente de taipa “(…) no quall estaa huua imagem de São Roque e detrás della um retábulo piqueno com suas portas velho”. Os ornamentos da ermida resumiam-se a dois manteis no altar. Os visitadores apuraram que o construtor e velador do pequeno templo rural era Mem Daver, na altura proprietário das vastas terras do Faial: “(…) pareceo peramte nós Mem Daver e comfesou que elle fizera e edificara a dita irmida per sua devoção em sua terra, pollo qual he obrigado de correger e repairar quando lhe necessário for”. Após a morte do construtor, ficaram os seus filhos Mem Daver e Gonçalo Eanes responsáveis pela conservação da ermida, cujas ruínas actuais confrontadas com as medidas de 1510 permitem verificar que o templo terá sido ligeiramente ampliado em data indeterminada.
Em Março de 1687, a ermida de S. Roque encontra-se fortemente degradada e abandonada, situação que comoveu e indignou o pároco de Alvalade à época, Pedro Fialho, ao passar no local para uma visita a um doente na Carregueira. Por sua iniciativa, o pequeno templo seria novamente recuperado, com obras profundas, e a reinauguração mereceu festa de arromba no dia 16 de Agosto do mesmo ano, dia consagrado a S. Roque, com a afluência de muita gente do concelho de Alvalade e lugares limítrofes. As obras foram parcialmente suportadas com a cobrança de rendas atrasadas de duas courelas pertencentes à Confraria de S. Roque, uma na herdade do Valdez (actual herdade do Faial) e outra junto à fonte Branca (a fonte que deu lugar à actual fonte da Bica, na sequência da construção da linha férrea).
_LPR
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