Actualmente, realizam-se em Alvalade, duas feiras: uma em 25 de Abril – dia de S. Marcos – conhecida, agora, por feira da Primavera, e a outra em 29 e 30 de Julho, denominada a feira do Verão. A primeira é tradicional e teve a sua origem no grande ajuntamento de gado que aqui vinha, no dia da Festa de S. Marcos, que já descrevemos em outro lugar, a fim de receber a bênção que costumava ser lançada nessa ocasião, junto à imagem do Santo Evangelista. Chegou a ser importante pela grande afluência de gado e avultado número de transacções, e também pelo aparecimento de artigos diversos que tinham largo consumo como: calçado, panos, ourivesaria, louças de barro e esmaltadas, latoaria, maleiros, madeira serrada e trabalhada, quinquilharias, jogos, circos, teatros, cinemas, barracas de comida e numerosas tabernas com o regional petisco de bacalhau albardado, que consiste num fragmento de bacalhau coberto de massa de farinha de trigo, frito em azeite. Quando os anos agrícolas prometem e se fazem boas transacções de gado, o restante comércio dos feirantes é animado. No caso contrário, pouco se vende. Actualmente, com a facilidade de comunicações e com a abundância de estabelecimentos bem fornecidos, as feiras vão declinando de importância, pois os marchantes, negociantes de gado, vão entender-se directamente com os criadores, às Herdades. Como esta feira é realizada em quadra do ano pouco favorável, criou-se outra feira, já no Verão, após as colheitas, que também, como a primeira, sofre as contingências dos anos agrícolas.
A Feira de Abril é interessante porque, estando o campo todo semeado, o gado, carros, cavaleiros e peões, todos desfilam pelos caminhos que dão acesso à vila, dando assim azo a um cortejo magnífico que encanta pela variedade. A entrada e a retirada são espectáculos dignos de se ver. A feira de Verão não tem esse interesse, pois tudo e todos entram por onde querem, havendo grande dispersão. O local da feira era incerto mas, ultimamente, localizou-se nos terrenos e olivais entre a Vila e a Estação dos Caminhos de Ferro. As feiras desta região não têm apenas o sentido comercial, mas também social, pois servem para ponto de reunião de pessoas de lugares distantes que aproveitam esta ocasião para se verem.
_Apontamentos históricos do Padre Jorge de Oliveira (1865/1957), pároco de Alvalade entre 1908 e 1936, para uma monografia que não chegou a publicar.
É bom recordar o que ficou escrito sobre as duas feiras de Alvalade das quais me recordo.
Havia as enormes barracas de loiça, pratas com desenhos muito mimosos, saladeiras,travessas, um sem fim de exposição e muito negócio. Também a loiça de barro, espalhada a perceito pelo chão era escolhida por muitos compradores. Era o pote para as azeitonas, era a enfusa para ir á fonte e manter a água fresquinha, eram as enfusinhas pequeninas e os mealheiros para a criançada……..tanta coisa, houvesse dinheiro, era só carregar….
E as pessoas que vinham dos Montes e iam beber água e mudar de sapatos a casa da saudosa ..Rosairinha, como era chamada. Morava na primeira casa e era o local ideal para matar também as saudades das amigas, feira após feira….
Passaram cinquenta e muitos anos , ou mesmo sessenta a primeira vez que fui á feira com os meus pais….,depois de residir em Alvalade ia sempre. A minha avó Ana encomendava-nos sempre pratos e “coisas” de barro.
Enfim…….foi-se a feira…..