Com as chuvas dos últimos dias, o caudal da ribeira de Campilhas engrossou e o leito encheu.
Nalguns sectores a água já encontrou caminhos e saídas e aos poucos vai tomando os terrenos da várzea para onde irá estender-se caso as chuvas persistam.
A Ponte Romana voltou a ter água e, pelo menos por uns dias, regressou parcialmente à sua função primitiva e que ditou a sua construção no tempo dos romanos, permitindo a travessia de Campilhas na estrada que unia a cidade de Miróbriga e Vipasca, actual vila de Aljustrel.
A cada Inverno mais chuvoso, a força da natureza teima em levar-lhe as águas de Campilhas, que ela recebe e afaga no seu leito parecendo querer lembrar às gerações de hoje a serventia e utilidade que teve durante muitos séculos. Ou reclamando que a devolvam de vez à sua função, que parece teimar em não querer abandonar. Talvez um dia lhe cumpram o desejo e coloquem definitivamente a ribeira de Campilhas no seu caminho e no seu leito…
_LPR
Ainda não tinha visto a ponte romana com tanta água!
Ainda volta a ser usada! 🙂
Ausente… mas no meu coração existem as velhas recordações mais marcantes dos tempos vividos na minha juventude nessa Terra.
Lembro-me que no período do ano de concentrada precipitação em que a Ribeira de Campilhas transbordava das suas margens, invadindo sem licença nem piedade os terrenos dos que mais sofriam para deles tirar parte do seu alimento, era caso de preocupação dos habitantes de Alvalade.
Os olhares de curiosos pela várzea inundada causava neles uma certa nostalgia, enquanto a outros acrescia ainda uma preocupação constante, evidente no seu olhar mais atento e silencioso, com o receio pelo aumento da corrente que alastrava e levava com ela o que não lhe pertencia.
Comentavam inconsoláveis que as inundações eram obra da natureza e que nada mais era possível fazer a não ser a aceitação do desvaneio do tempo.
Porém, hoje as tecnologias estão mais avançadas, a mente humana mais evoluida e com alguma boa vontade do homem, muitos disturbios causados pela mãe natureza poderão ser evitados e atenuados, basta para isso haver mais respeito e melhor conservação por ela.
A Ponte Romana é a evidência da resistência dos maus tratos de outrora mas que felizmente foi ofertada com maior resistência para poder permanecer por muito mais tempo às aguas que a querem bafejar.
Tenho alguma curiosidade em conhecer esta ponte pessoalmente, e se não estou em erro penso que não há mais nenhuma parecida no litoral alentejano o que é muito bom para Alvalade Sado. É uma preciosidade sem dúvida e a fotografia está muito boa.
Há uns anos fui a Alvalade Sado em visita com a Liga dos Amigos de Santo André e fomos a esta ponte que está num local muito bonito de onde se vê a vila no alto. A nossa grande surpresa foi ver que o rio em vez de passar por debaixo da ponte, passa ao lado dela, o que é uma pena porque a ponte é muito interessante e aquele local tem uma paisagem muito bonita com muito verde, bom ar, e é muito calmo. J.Severino
Quando eu era criança a minha mãe contava-me que o meu tio António Miguel Cabeça tinha perdido a visão de um dos seus olhos quando trabalhava no desvio da ribeira, para o local em que se encontra agora. A minha mãe dizia que esses trabalhos se realizaram por volta de 1937, até aí penso eu que o rio passava por de baixo da ponte romana.
Não tenho a data exacta mas parecia-me que tinha sido na década de 20. É uma achega é interessante. Oxalá um dia se consiga fazer regressar a ribeira ao seu leito primitivo na zona da ponte. Seria excelente e o monumento ficaria valorizado.
_LPR