É uma das artérias mais antigas e emblemáticas de Alvalade. Era a principal entrada da vila, para quem vinha do Algarve e das ruas mais movimentadas, como descreve o Padre Jorge de Oliveira:
“Eram três as entradas da vila, Quem vinha do Levante procurava o Bairro da Fonte; os do Norte e Poente, a Rua de Lisboa; e os do Sul, a Rua de S. Pedro. Passageiro que viesse da capital para o centro do Algarve, entrava pela Rua de Lisboa, hospedava-se no Travassos e, se não tivesse condução, o Guisado encarregava-se de lha alugar, fornecendo-lhe guia, saindo pela Rua de S. Pedro. Era, portanto esta rua uma das mais concorridas. Quem, hoje, a vê dificilmente a recompõe como era no século XVI. Tinha, então como hoje, a orientação Norte/Sul. Começava do Norte, junto aos Paços do Concelho, e terminava do lado Poente, junto à Travessa do Lagar, e de leste, junto à embocadura da actual Rua Luis de Camões. O terreno ao Sul até ao curral do concelho, era denominado o Rossio. Daqui nascia a carreteira da Fonte do Pote, que seguia para Colos, Odemira e S. Martinho das Amoreiras. Ao longo desta carreteira, numa extensão de cerca de 600 metros, era o “chão das vinhas”, porque dum lado e doutro havia “vinhas e hortejos, com suas árvores mansas”.
O topónimo da rua tem origem na ermida de S. Pedro, edificada no cerrado com o mesmo nome e que em 1854 foi parcialmente ocupado com a construção do cemitério da freguesia.
Em 1911, nasceu o Bairro de S. Pedro constituído pelas ruas Infante D. Henrique, Gonçalves Zarco, Vasco da Gama e Luís de Camões, num terreno aforado por Joaquim Miguel Cabeça, proprietário residente em Alvalade, onde aos poucos foram nascendo novas habitações ampliando também a extensão da Rua de S. Pedro. A sua importância faria com que fosse uma das primeiras arterias da vila a ser pavimentada, o que aconteceu em 1939, com um piso de pedra de xisto, oriunda de Ermidas.
A Casa dos Juízes, logo no início da rua, que ainda existe, a estação dos CTT, que serviu a freguesia durante largas décadas e a papelaria Bica (que é visível na fotografia) foram alguns dos edifícios mais importantes e frequentados da rua de S. Pedro, que foi sempre ponto de passagem obrigatório para as procissões e arruadas festivas da freguesia.
*Agradecimento: ao Sr. Manuel Guerreiro, alvaladense residente em Lisboa, pela cedência da fotografia.
_LPR
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Muito boa descrição da antiga Alvalade, como o amigo Luis já nos habituou. Conheço bem o Manuel Guerreiro que cedeu a foto, era filho de Custódio Guerreiro (irmão do Francisco Guerreiro e de Margarida Guerreiro) e Regedor de Alvalade.
Os CTT eram no prédio que é hoje do Domingos, da Sanagro, na esquina com a Rua Nova. Apenas uma retificação, o edificio que se vê na foto à direita não era Papelaria (onde hoje está o Café Pelourinho) mas sim uma Loja de Tecidos do Francisco Mendes da Bica, tendo como empregados pessoas que marcaram a vida alvaladense, Augusto Protásio (irmão de Maria José Protásio) e Arménio Gonçalves Damásio que casou com Maria Serrano.
O filho de Francisco Bica, o Zé da Paz Bica e seu irmão Joaquim, é que na mesma loja foram Agentes Philips e da Santa Casa com o Totobola, após a saída de ambos para Setúbal estas representações foram para a Papelaria Nobre, que fundei.
JRN
A rua onde nasci onde passei a minha infância, onde o meu pai exercia a profissão (sapateiro), o cerrado onde passava os dias na brincadeira com os meus amigos de infancia que saudades! Uma pequena dúvida se não estou enganado, na referida loja quando o Sr.José da Paz Bica foi para Setubal, quem ficou na loja não foi o José Garcia que tinha como empregado na distribuição do gás com uma motorizada o Sr.Joaquim Pernas?
O sr Joaquim Miguel Cabeça era tio da minha avó. Ana Luisa Cabeça e bisavô do Manuel Cabeça q vive em Antuerpia. O ano passado eu e o meu primo Manuel, tentamos “apanhar” estes nossos ascendentes e conseguimos uma boa lista. É engraçado voltar a ver aqui o nome dele. 1911 foi o ano do casamento da minha avó com seu primo Alfredo Martins de Carvalho de Ferreira do Alentejo, vila onde a minha avó foi criada, já q a mãe faleceu qnd ela tinha dois anos. Então os padrinhos acharam por bem esse casamento e avó dizia q nunca iria chamar sogra a sua tia Maria das Dores .
O sr Augusto Protásio, faleceu com 95 anos. Era pai de João Augusto Costa Protásio e Maria Graziela C. Protásio. A sua esposa tb Alvaladense, Emilia Costa (Fradinho) já faleceu há anos. Ainda é viva a sua irmã Maria Luiza Costa M. Carvalho que tem 92.
Sr José M Cardoso. A loja do sr José da Paz e do irmão Joaquim era papelaria e casa de loiças, onde trabalhva o José Garcia e a Eufrásia, nos anos sessenta era ponto de encontro de quem ia comprar a crónica femenina ou ia ao correio. Depois o Zé Garcia foi p a tropa e não sei quando os irmãos Palma Bica vieram p Setùbal, mas em 1970 já cá tinham, na Praça do Brasil a agência da Singer e uma papelaria que ainda hoje continua aberta e muito movimentada. Os irmãos já faleceram. Sei q o José Garcia em Fevereiro de 72 foi p Moçambique e a Eufrásia tinha ido em 69(?) para Lisboa.
Sra Maria das Dores, boa memória que a Sra tem, confirmo o que a Sra diz acerca dos irmãos Palma Bica (acho que ainda vive em Alvalade um dos irmãos). Lembro-me tambem do Zé Garcia e da Eufrásia serem empregados do Sr. Zé da Paz como era conhecido mas acho que o fecho da loja foi com o Zé Garcia já depois de vir da tropa e depois do 25 de Abril.