A Irmandade do S.S.mo que dispunha de meios e auxiliada pelos paroquianos abastados fazia sempre as solenidades da Semana Santa para o que convidava, além do clero da freguesia e do pároco do Roxo, dois frades franciscanos do Convento de Messejana. Faziam a bênção e a procissão dos Ramos, a Missa, desnudação dos altares, exposição do SS.mo no trono e o Lava-pés, na Quinta-feira; na Sexta a Missa, Adoração da Cruz e procissão do Enterro do Senhor, e no Sábado, a Aleluia.
Na 5ª e 6ª feira, havia, à noite, os ofícios solenes e no Domingo de Páscoa, a Missa Pascal com a respectiva procissão e sermão. Na Quinta-feira havia o sermão do Mandato e na Sexta o sermão da Soledade. Nesta procissão (do enterro) era conduzida a imagem do Senhor Morto e da Senhora da Soledade. Iam no cortejo a Verónica e os irmãos da Misericórdia, com as suas opas negras, empunhando uma tocha de cera. À frente do cortejo ia o porteiro da Misericórdia, com a matraca. Incorporavam-se nesta procissão os juízes, os oficiais da Câmara, com o seu escrivão, e o notário. Enfim, todos os que desempenhavam cargos públicos. O esquife ia debaixo de um pálio roxo e à frente, após o porteiro da Misericórdia, seguia a bandeira desta e o guião das Almas.
As várias procissões que aqui se realizaram no lapso de 30 anos, de 1908 a 1935, salientaram-se sempre pela boa ordem e pelo cuidado, asseio e imponência com que tudo e todos se apresentavam, sendo sempre admirados com prazer e respeito pelos paroquianos e pelos forasteiros que as presenciavam. A última procissão realizou-se em 1935, fazendo-se também a comunhão solene das crianças que se incorporaram, levando a sua bandeira, com o andor de Nª Srª do Carmo. Foi um número sensacional, aqui desconhecido, que não só agradou mas chegou a entusiasmar pela forma como foi apresentado.
Estas solenidades eram sempre acompanhadas por música que, nos primeiros anos, era a filarmónica de Santa Luzia. Nos últimos anos vinham as filarmónicas de Grândola ou de Alcácer.
_Apontamentos históricos do Padre Jorge de Oliveira (1865/1957), pároco de Alvalade entre 1908 e 1936, para uma monografia que não chegou a publicar.
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Muito bom texto mais uma vez. Boa PÁSCOA para Alvalade!