“Em 1910, a vila tinha as seguintes ruas, travessas e praças: rua de Lisboa, rua da Cruz, rua da Estalagem, rua de S. Pedro, rua das Covas da Areia, rua da Figueira, rua do Adro e rua Nova. Travessa da Igreja, travessa do Espírito Santo, travessa do Moinho, travessa do Lagar, travessa da Barroca, travessa do Duque, travessa da Misericórdia e rua da Ladeira, que hoje se chama rua de S. Sebastião, a Praça e o Largo da Feira. Junto à vila havia, como hoje, o chamado Bairro da Fonte, por estar próximo da Fonte Branca. Era por ali o caminho para a fonte denominada ”A Bica”, junto à qual está o lavadouro público, tudo alimentado por um abundante manancial de boa água que nascia muito próximo”.
O pequeno trecho acima, retirado dos apontamentos históricos e etnográficos do Padre Jorge de Oliveira, descreve-nos a vila de Alvalade há um século atrás. Uma povoação pequena, com pouco mais de 20 ruas e travessas, que hoje correspondem praticamente ao núcleo antigo de Alvalade e cuja dimensão não seria muito diferente nos séculos anteriores. Muitos dos topónimos enumerados já desapareceram das artérias da vila. A dependência da população relativamente à fonte Branca, primeiro, e depois à fonte da Bica (após a construção da linha férrea), perde-se no tempo e ainda hoje aquela mina de água continua abundante. Perdeu importância com a rede pública de abastecimento de água, mas durante muitos séculos assegurou que o precioso e indispensável líquido não faltasse nos lares alvaladenses.
A Praça, que foi sempre o epicentro da vida social, política e administrativa da vila, seria algum tempo depois rebaptizada com o topónimo “D. Manuel I”, em homenagem ao rei que no século 16 deu foral novo a Alvalade e reconheceu o antigo concelho. Pela Praça passaram os principais acontecimentos da vida alvaladense que moldaram a terra que chegou aos nossos dias e diversas personalidades importantes da história nacional. Mas também vivências do quotidiano, como a fotografia documenta, com duas crianças aparentemente entretidas num simples jogo de berlinde, a poucos metros da cadeia de Alvalade, de cela única, quiça guardando algum “hóspede” temporário como foi habitual durante muito tempo.
_LPR
Grata a todos quantos se esforçam para que nós longe da terra onde nascemos possamos ter notícias, a todos desejo um feliz natal.
Lendo os artigos que me enviam fiquei a pensar porque não escreverem um livro onde podiam compilar todos estes artigos?
Acho que todos nós teríamos gosto em adquirir o livro.
Obrigada