Alvalade na Idade do Bronze

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Estela decorada da Defesa - Idade do BrozeO período da Idade do Bronze em Alvalade está ainda pouco estudado. Temos notícias de vários achados cronologicamente atribuídos a este período, como: 5 escopros de bronze, de diferentes dimensões, encontrados em Gaspeia em 1908; vários machados de bronze, de diferentes tamanhos, recolhidos em terras da herdade da Defesa em 1970; dois machados de bronze encontrados em Conqueiros em 1978. As terras de Conqueiros forneceram também vários machados de pedra atribuídos à Idade do Bronze.

Todos estes artefactos apontam para a presença de alguns grupos humanos na freguesia de Alvalade durante este período, contudo não foram pesquisados nem encontrados vestígios de povoados, embora tudo indique que tenham existido. De referir ainda a proximidade de Alvalade com a faixa piritosa da região, cujas jazidas de cobre, ferro, chumbo, mas também ouro e prata (Caveira, Lousal e Aljustrel) forneceram matéria-prima importante para a actividade metalúrgica e comércio de metal destas comunidades, através dos chamados  “chapéus de ferro” (afloramentos metálicos à superfície), que não exigiam grande esforço mineiro.

Contudo, o achado  mais importante atribuído à Idade do Bronze, em terras alvaladenses, aconteceu em Janeiro de 1908, na herdade da Defesa, durante uma lavrada. Seria José Leite de Vasconcelos, fundador do Museu Nacional de Arqueologia, que informado por um seu colaborador, se iria deslocar propositadamente à Defesa, dois meses depois, para analisar in situ uma grande lage de xisto, que tinha sido encontrada por alguns trabalhadores rurais. Tratava-se de uma tampa de sepultura do tipo cista, insculturada, com representação em relevo de uma espada e de uma figura ancoriforme (símbolo de comando e autoridade?), atribuída ao Período II do Bronze do Sudoeste (cerca de 2000 a.C.). Após uma breve escavação, Leite de Vasconcelos encontraria várias outras cistas no mesmo local, mas com tampas sem decoração.

Estas necrópoles são hoje, para os historiadores, fontes de extraordinária importância para o conhecimento deste período. Verifica-se que as práticas funerárias incluíam ainda enterramentos em sepulcros colectivos, mas surgem também sepulcros individuais: grandes cistas (sepulturas) de pedra, de forma sub-rectangular, cujas paredes são normalmente constituídas por lajes posicionadas verticalmente, cravadas em cutelo ao redor de uma cova, na qual o defunto era colocado estendido, por vezes acompanhado de algum espólio funerário como cerâmicas, adornos, ou de armas se fosse de um guerreiro (lanças com ponta metálica, punhais, machados planos de cobre. A sepultura ficava completa após ser coberta com uma “tampa”. A tampa de sepultura, supostamente de um chefe, ou um guerreiro importante encontrada na herdade da Defesa (na fotografia), permite-nos verificar as alterações sociais que se deram neste período, ou seja o aumento de poder dos grupos de guerreiros  (equipados de espadas, lanças de bronze, escudos redondos de couro, capacetes e carros de combate puxados por cavalos, armamento conhecido tanto pelos próprios objectos, como pela sua representação em estelas funerárias), poder esse directamente relacionado com o controle territorial em função da riqueza da terra e da extracção de metal.

_LPR

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