Alvalade, depois de ter estado representada na exposição “No caminho sob as estrelas – Santiago e a peregrinação a Compostela”, que esteve patente na igreja matriz de Santiago do Cacém em 2007, através um marco de propriedade da Ordem de Santiago (na fotografia) encontrado junto da ponte romana, é novamente referência no catálogo da mesma exposição, editado pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja e a Câmara Municipal de Santiago do Cacém, em Julho passado.
Em dois textos da obra, assinados pelos historiadores José António Falcão e António Martins Quaresma, são várias as referências à antiga comenda espatária de Alvalade, que ajudam a compreender e a conhecer um pouco mais da história da freguesia e o seu enquadramento na organização territorial da Ordem Militar de Santiago da Espada na região. No estudo de José António Falcão, “O caminho e o culto de Santiago no Alentejo meridional”, o historiador defende a probabilidade de Alvalade ter sido, nas épocas medieval e moderna, ponto de passagem para alguns peregrinos num dos percursos do Caminho de Santiago em solos portugueses entre o Algarve e o Alentejo, neste caso a partir de Monchique até Alcácer do Sal. Embora tratando-se de um itinerário secundário, a passagem por Alvalade permitia aos caminhantes encontrarem algum apoio através do hospital do Espírito Santo (fundado na segunda metade do século XIV ou no início do século XV), como por exemplo uma refeição, um agasalho, ou simplesmente uma cama para pernoitarem.
Estas referências à comenda espatária de Alvalade, a que se somam muitas outras em diversos estudos e obras publicadas nos últimos anos, reforçam o interesse e a importância de colocar Alvalade num eventual roteiro sobre a história e o património da Ordem Militar de Santiago no Alentejo Litoral. Naturalmente criando as necessárias condições para uma presença condigna da freguesia, que decerto incluiria a igreja matriz de Alvalade, a praça D. Manuel I e a ponte romana, edifícios e espaços importantes do património local que evidentemente teriam que ser devidamente valorizados.
_LPR
A freguesia de Alvalade pelos indicios históricos, merece o interesse dos historiadores que se interessam pelos “Caminhos de Santiago”, certamente há aqui muito por descobrir, desde que queiram valorizar a importancia da mais notável freguesia do concelho. Santo André, a mais populosa, só se desenvolveu após o projeto de Sines. Cercal do Alentejo foi antigamente e ainda hoje deve a sua importancia às proximidades de Sines e Milfontes, Ermidas foi desanexada de Alvalade há cerca de 60 anos, as restantes merecem respeito, mas insistimos na notariedade de Alvalade, a única que foi concelho durante mais de 300 anos.
JRN
Absolutamente de acordo. Muito por descobrir….e potenciar.
Apenas uma rectificação: É quase garantido que Alvalade já era concelho antes do foral de D. Manuel I. Não sou eu que o digo mas os estudiosos e entendidos na matéria.
_LPR
Acredito plenamente Luis. Com o que se vai descobrindo acerca de Alvalade, dá-nos a ideia de que tinha grande valor antes do foral de D.Manuel I. Daí ser bem possível que já devia ter sido concelho antes dessa época. Mais uma razão para que seja dotada ainda de muito mais valor histórico e começar já a ser vista obrigatóriamente pela classe politica de forma diferente, que aliás já o deviam ter feito.
É quase certo que Alvalade já era concelho antes de 1510 e que o foral novo de D. Manuel I apenas o confirmou e ajustou as questões administrativas e fiscais à realidade da época.
Alvalade não foi feliz nem respeitada depois da extinção do concelho, em 1836, até aos dias de hoje. Julgo que a cada ano que passa torna-se mais urgente repensar o posicionamento de Alvalade na região e eu, pessoalmente, continuo a defender que haveriam mais vantagens para a freguesia se estivessemos no concelho de Aljustrel. E tenho ainda esperança que um dia os alvaladenses sejam ouvidos nessa matéria através de um referendo.
Assim exista a necessária coragem para o fazer.
_LPR