“Tem esta freguesia, como grande parte do Alto Sado, largo horizonte em perspectiva: a Junta Autónoma das Obras Hidraúlicas Agrícolas têm aqui feito importantes trabalhos de limpeza no Sado e na Ribeira de Campilhas e têm em via de conclusão os trabalhos de gabinete para a futura irrigação dos respectivos vales e possível electrificação”.
O pequeno trecho acima é da autoria do Padre Jorge de Oliveira e foi publicado no “Album Alentejano”, em 1937. São esses trabalhos de limpeza e regularização do leito da ribeira de Campilhas que a fotografia documenta, integrados no Plano de Hidráulica Agrícola, de 1938. O aproveitamento de Campilhas terminaria com a inauguração da barragem, em 1954.
À força de braços, com picaretas e pás, a fotografia, inédita, datada dos finais de 1936, mostra o esforço e o empenho dos homens daquele tempo, na maioria alvaladenses. Gente de fibra, de raça, que o trabalho duro nunca amedrontou, ainda que a troco de um salário magro.
Agradecimento: Ao Arqtº Francisco Lobo de Vasconcellos pela cedência da fotografia do seu arquivo de família.
_LPR
Recordo estes trabalhos quando cheguei a Alvalade, em 1934,lembro-me que o técnico responsável era o Engº Rossa. Estava hospedado na Pensão Guerreiro, apaixonou-se pela filha da dona da Pensão, Margarida Guerreiro. Quando terminaram os trabalhos foi dirigir Obras em Angola, como funcionário do Ministério das Obras publicas.
Entretanto, Margarida abriu Mercearia e Padaria, o namoro continuou e o Eng. quando voltou ao continente vinha passar todos os fins de semana a Alvalade, mantendo sempre o quarto na Pensão.
Uma história de Amor que culminou com o Casamento nos ultimos anos de Vida do Engº Rossa, Margarida viria a falecer poucos anos depois. É apenas um apontamento, porque importante foi a Obra de correcção da Várzea que permitiu melhor aproveitamento, desviando a Ribeira de Campilhas da Ponte Romana e criando novo leito mais a Poente.
JRN
Muito obrigado pelas achegas, sempre importantes para ajudar a contar a história social de Alvalade.
_LPR
Outros tempos e outra gente.
A fome e a repressão ajudavam a aceitar salários de miséria e a trabalhar do nascer ao pôr do sol. Mas por outro lado fortalecia-se a amizade e a entreajuda. Como se pode ler aqui… um caso verídico contado aqui:
http://www.alvalade.info/?p=716
Precisamente! Os dados que tenho dessa época dizem-me que apesar das grandes dificuldades, as pessoas eram mais unidas e amigas.
_LPR