A fotografia já terá mais de duas décadas e é anterior à última grande intervenção de conservação que a ponte de ferro (como é popularmente conhecida entre os alvaladenses) sofreu, antes da sua desactivação aquando da alteração do troço da linha ferroviária do sul. A ponte de ferro, a ponte dos arcos, a ponte seca, a ponte sobre a ribeira de Campilhas, a ponte romana e os viadutos e pontões da freguesia marcam fortemente a paisagem do território alvaladense e são elementos dignos de um roteiro próprio ou um percurso pedestre temático que valorize e tire partido deste segmento do nosso património. Não há no concelho nenhuma outra freguesia com tantas pontes e viadutos…
As pontes de Alvalade contribuiram decisivamente para eliminar o isolamento com que a terra conviveu durante muitos séculos, sobretudo nos invernos mais chuvosos quando as grandes cheias nos vales do Sado e de Campilhas deixavam a vila perfeitamente incomunicável durante dias, ou mesmo semanas, e ainda hoje são determinantes para a vida da freguesia e da região. Ajudam a conhecer e compreender a forma como a freguesia se foi desenhando e desenvolvendo ao longo do tempo. Sem elas, Alvalade seria seguramente, nesta altura, uma pequena aldeia em vias de extinção…
_LPR
De acordo com o valor das nossas Pontes, lamento que a Ponte dos Arcos não tenha uma placa identificando o projectista Engº Edgar Cardoso, um dos mais conceituados técnicos mundiais de Pontes, o que muito a iria valorizar, e que se justificava como homenagem, após o seu falecimento.
JRN
Sem elas, Alvalade seria seguramente nesta altura uma pequena aldeia em vias de extinção…
Copiei a frase acima por me parecer que é de uma actualidade que me merece aprofundar.
Quem conheceu, como eu, Alvalade na década de 60 e mesmo até meadas de 70 e comparar com a Alvalade actual depressa chegará a essa conclusão.
Alvalade como fixação de novos habitantes já não existe. Nascem poucas crianças e à medida que se fazem adultos são obrigados a ir embora. Os mais velhos vão morrendo e os que abalaram e pensavam regressar para passar a velhice na terra que os viu nascer, como reformados, vão desistindo. Porquê? Alvalade tinha nos anos 60, três médicos, hoje temos uma médica uma vez por semana. Temos um hospital a 41 quilómetros. Durante a noite se tivermos um problema de saúde é o diabo das complicações para nos deslocarmos aos sítios apropriados para sermos atendidos. Que se tornam quase impossíveis se não tivermos condições financeiras, para os custear. Os que sonhavam voltar à terra, estão a desistir. Alguns até arranjaram as casas que eram dos seus pais, com essa intenção. Elas estão aí, mas sem ninguém lá dentro. À medida que o tempo passa mais casas vão ficando vazias. Há quem aponte para os 50% o número de casas sem ninguém, lá dentro. Não vale a pena estar a falar no fecho da estação dos caminhos de ferro, da G.N.R, que quase não existe e na insegurança que isso provoca… Neste país, as terras que não têm votos para dar aos políticos quando há eleições,…..são simplesmente abandonadas.
Tenho um casal amigo que há 2 anos quis comprar casa em Alvalade para passar fins de semana ou férias mas as casas que estão em venda em Alvalade são extremamente caras e está quase a comprar no Cercal onde são mais em conta e estão mais perto de Milfontes. Até no Cercal as rendas de casas são mais em conta do que em Alvalade o que não se percebe a razão para tal.