O procedimento de classificação da igreja matriz de Alvalade, em curso, como Monumento de Interesse Público, viu o seu prazo prorrogado até 30 de junho de 2013 pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, n.º 251, de 28-12-2012.
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Oliveira, Matriz de Alvalade do Sado
O primeiro templo de Alvalade do Sado terá sido uma pequena capela construída possivelmente nos séculos XIII ou XIV, após a outorga do território à Ordem Militar de Santiago da Espada e o seu estabelecimento como comenda. A povoação cresceu em torno desta capela, e em 1510 recebeu foral concedido por D. Manuel I, alcançando o estatuto de concelho. O pelourinho da localidade datará dos anos imediatos, bem como a reconstrução ou ampliação da igrejinha em estilo manuelino.
Em 1510, os visitadores da Ordem de Santiago já descrevem uma igreja com capela-mor abobadada, nave única com três arcos de tijolo e teto de madeira. Esta estrutura corresponde, sem particular originalidade, à tipologia comum da arquitectura manuelina de carácter regional. Destaca-se nela, no entanto, a capela-mor, coberta por uma complexa abóbada de cruzaria de ogivas com requintada decoração de cariz vegetalista nas mísulas e chaves. De facto, juntamente com o delicado portal principal, de finos colunelos evoluindo em arco de carena e rematados por cogulho decorado por meias esferas, as abóbadas nervuradas e os capitéis lavrados do interior são as mais evidentes marcas do estilo manuelino do templo.
Na segunda metade do século XVII, a matriz de Alvalade foi sujeita a uma importante campanha decorativa centrada no grandioso retábulo de talha dourada e policromada da capela-mor, no chamado “Estilo Nacional”, que integra uma tela atribuída a Bento Coelho da Silveira, representando Nossa Senhora da Conceição da Oliveira, orago do templo por via de um antigo vínculo com a igreja-colegiada de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães. Este investimento estará certamente ligado à coroação da Imaculada como rainha de Portugal em 1646, aproveitando-se então esta invocação da Virgem como instrumento de propaganda política, legitimadora da nova dinastia e garante da independência do reino.
A fachada da igreja é rasgada por portal ogival em cantaria, de estilo manuelino, encimado por uma pedra de armas da Ordem de Santiago da Espada. Os extensos danos causados pelo terramoto de 1755 implicaram diversas campanhas de obras que se estenderam ao século XX, e das quais resultou por exemplo o óculo neogótico sobre o portal. Na torre sineira adossada à direita da fachada, vazada por quatro vãos em arco de volta perfeita, pode ver-se um relógio de sol seiscentista, em pedra de Trigaches, considerado um dos melhores exemplares do Alentejo. O interior é de nave única com teto de madeira e cabeceira manuelina coberta por abóbada de cruzaria de ogivas, abrigando o retábulo barroco do altar-mor. Destacam-se ainda os retábulos oitocentistas em talha dourada das capelas laterais, a abóbada de cruzaria de ogivas com chaves de cantaria lavrada de uma destas, uma tela representando um Calvário da escola maneirista de Évora, e ainda a fonte baptismal em cantaria, aparentemente quinhentista, do batistério.
Fonte: IGESPAR
Alvalade tem uma das igrejas matriz mais bonitas de todos os concelhos do alentejo litoral, só aquele altar de talha dourada deve fazer inveja a muito boa terra.