Quando o régio viajante veio de Portel, passou por Ferreira do Alentejo onde me consta não ter sido tratado de forma correspondente à sua alta categoria. Desta villa é que passou pela herdade da Herdadinha seguindo d’ali para Alvalade onde se hospedou na casa de meu fallecido sogro, o Sr. Luis da Lança Parreira. Aqui, ceiou, dormiu n’essa noite e almoçou no dia seguinte, sendo tratado tanto pelos seus hospedeiros, como por toda a gente da povoação, da maneira mais respeitosa e condigna, não só devido à realeza do augusto viajante como ao respeito que tributavam aos donos da casa onde se achava hospedado com a sua comitiva. D’Alvalade seguiu D. Miguel para Sines.
A prova de que o régio viajante e príncipe proscripto, esteve em casa do meu sogro está em que por esquecimento, deixou ali ficar uma espada que mais tarde foi mandada buscar pelo valente caudilho miguelista – O Remechido – por quatro homens da sua guerrilha recolhida então na serra do Algarve; e em considerar em meu poder uma faca de mesa com o distinctivo da coroa real, deixada também por esquecimento e adquirida por minha esposa por offerecimento que lhe fez sua mãe. Diz minha esposa que apezar de nascer em 1832, nada se recorda deste movimento, mas que seu pai lhe disse muitas vezes, que quando foi beijar, em sua casa, a mão do mesmo régio viajante, este se mostrou muito comovido e chorou bastante, e tirando uma carteira do bolso tomou nota do nome do dono da casa onde se hospedou e tantos carinhos e affectuosas homenagens lhes prodigalizaram, assim como da villa d’Alvalade, de cujo povo recebeu tanto elle como sua equipagem, as mais inequívocas provas de respeito.
Carta de José Nunes Parreira, publicada no jornal “Campo de Ourique” no dia 1 de Outubro de 1903.
Agradecimento: ao santiaguense e amigo José Matias, pela referência e reprodução bibliográfica.
_Luís Pedro Ramos
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O Povo de Alvalade deu uma prova do acolhimento que merecem os visitantes, sejam ou não ilustres, sejam ou não da politica que cada um defende. Poucos anos antes do 25 de Abril, Marcelo Caetano, presidente do conselho de ministros, visitou a Ponte Canal, construída na Daroeira, e o Povo de Alvalade, com grande maioria de esquerda, e os responsáveis da Casa do Povo convidaram Marcelo a deslocar-se a Alvalade e visitar a Casa do Povo onde foi recebido com grande amizade. Tanto no caso de D. Miguel, como no de Marcelo Caetano, Alvalade apenas respeitou a dignidade dos cargos.
Os alentejanos são assim, sabem receber os visitantes. Encontramos esta simpatia nos Açoreanos de S. Miguel que dizem ter sido povoada por oriundos do Alentejo. Para a Ilha Terceira foram os Ribatejanos onde as Touradas são divertimento popular.
JRN
Boa Tarde!
Para quem não sabe, ou não se lembra, venho dizer que foi neste prédio, há muito inexistente, que, no 1ª andar viveu o Prof. Almeida com os pais.
Foi ainda aqui que, em meados da década de cinquenta do seculo passado, fiz, no r/c. Esq., com colegas de que só me recordo a Maria Inácia, o primeiro ano do Ciclo Preparatório, como aluno externo da Escola Industrial e Comercial de Setúbal, hoje Sebastião da Gama.
Foi ainda neste r/c Esq. que funcionou, com caracter provisório a “Casa do Povo”, antes de ter passado para o prédio, também antigo, frente à papelaria Bica.
Aproveito para dizer, a propósito da requalificação da “PRAÇA”, Largo D. Manuel I, que acho que assim como a foto mostra, é q
Abraço;
Lito
Por isto se vê que Alvalade tem uma história riquissima. Parabéns!
Este, e outros episódios da história de Alvalade provam a riqueza da terra e das suas gentes.
Urge não deixar morrer as memórias e as características dos alvaladenses.
Alvalade tem sido sempre recordada como uma terra que acolhe bem as pessoas de fora…eu que o diga!
Obrigado