Ao fundo da imagem, a ponte dos Arcos, obra pioneira e marcante do prestigiado Prof. Edgar Cardoso, esperava que os dois viadutos que a antecedem, no sentido Alvalade – Mimosa, fossem concluídos para finalmente a vila e a região tirarem partido da E. N. 262 e quebrarem o isolamento que as grandes e prolongadas cheias do rio Sado impuseram durante séculos. Demasiado tempo, para uma pequena vila, outrora cabeça de concelho, que lutava e reclamava contra a falta de acessibilidades, que tardaram em chegar.
Em Março de 1956, já o engenheiro Manuel Sabino Sequeira, ao serviço da extinta JAE (Junta Autónoma de Estradas), tinha construído o viaduto sobre a linha férrea na antiga Cerca da Bica, cuja obra foi concluída em 21 de Junho de 1953. O último dos três viadutos, conhecido em Alvalade como a “Ponte Seca” (na imagem com os pilares de suporte do tabuleiro em construção), teve desenho e direcção também a cargo de Manuel Sabino Sequeira, prestigiado engenheiro projectista com vasta obra no território nacional, e foi construído entre 2 de Fevereiro de 1955 e 13 de Dezembro de 1957. Um tempo longo, a que também não foram certamente alheias as dificuldades económicas da época e alguns atrasos provocados pelas cheias volumosas no Sado que muitas vezes se estendiam por grande parte do Inverno, como terá sido o caso do exemplo que a fotografia documenta.
Decorridas quase seis décadas, Alvalade luta hoje contra outras “assimetrias”. As acessibilidades e a localização privilegiada da freguesia são únicas e vantajosas, mas o fenómeno do envelhecimento e a perda de população poderá fazer com que Alvalade, dentro de duas décadas, seja habitada, maioritariamente, por idosos e pensionistas.
_LPR
Agradecimento: Ao Sr. Jorge Sequeira pela cedência da fotografia aqui publicada.
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