A história dos Portões do Mira, em pleno vale do Sado, defronte da vila, permanece apenas na memória dos habitantes mais idosos de Alvalade. Foi recuperada aqui, no “alvalade.info”, em Janeiro de 2012, há precisamente 2 anos, e complementada depois com informações desconhecidas sobre a origem do topónimo. Os portões serviam de entrada para uma courela de um tal Mira, proprietário abastado natural de Azinheira de Barros, que lhe deu o nome, e que detinha ainda outros bens de vulto em Alvalade. O quintal do Mira é outro topónimo associado a outro espaço do mesmo proprietário que ainda subsiste em Alvalade, no coração do centro histórico, embora já completamente descaracterizado.
Os Portões do Mira ficaram famosos pelas aparições nocturnas do fantasma do Padre Bernardo, que oficiou em Alvalade entre 1830 e 1866. O local assombrado deu que falar entre os habitantes alvaladenses até meados do século passado e poucos eram os que se atreviam a aproximar-se dos portões durante a noite.
Desses tempos resta apenas uma coluna de suporte do portão. Uma pequena ruína que as autarquias de Azinheira de Barros e de Alvalade pretendem agora recuperar, em conjunto, em nome das ligações históricas entre as duas localidades numa altura em que a freguesia de Azinheira comemora os 500 anos da sua paróquia. Uma proposta que partiu do presidente da junta de freguesia de Azinheira de Barros, Pedro Ruas, e que foi aceite pelo presidente da junta de freguesia de Alvalade, Rui Madeira.
O “alvalade.info” felicita os dois autarcas pela iniciativa e fazemos votos que o projecto conjunto de recuperação da pequena ruína se concretize rapidamente tendo em conta que as condições de degradação e abandono em que se encontra não lhe darão muito mais tempo de vida. A outra coluna do portão desapareceu em poucos anos. Para além do simbolismo que representa para as memórias sociais das duas freguesias a estrutura remanescente dos portões do Mira é uma marca cultural da paisagem alvaladense que importa preservar e valorizar.
_LPR
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Lembro-me quando era muito jovem dos portões do Mira, na estrada da Várzea que nos leva para junto da Ponte dos Arcos, nos anos 30 ambas as colunas estavam em ruinas, também me lembro da lenda do Padre Bernardo ser visto por quem lá passava à noite. Não sei de quem é hoje a Courela, mas o dono poderia concordar com a reconstrução do Portão do Mira.
JRN
Lembro-me perfeitamente da história do fantasma do Padre Bernardo. Entre os meus 7 e 12 anos os meus pais viveram no Monte do Porto Beja. Eu ia a festas e bailes com a minha irmã mais velha e outras raparigas lá do monte e era para mim um horror passar ao portão, que nessa altura ainda havia o portão, então eu ia para o lado direito da estrada para não passar ao pé do portão e toda eu tremia e só tranquilizava quando já ia longe. História para mim esquecida. Se for recuperado o portão terei todo o gosto ir vê-lo.
Não me parece que existam condições para se recuperar ou recriar o portão. Nem julgo que existam elementos suficientes para isso, como fotografias, por exemplo. O mais razoável, do meu ponto de vista, será limpar o local, consolidar e “recuperar” a ruína e meter-lhe uma pequena placa explicativa do local como informação cultural.
_LPR