O sítio arqueológico da Gaspeia surpreendeu os arqueólogos do Museu de Arqueologia e Etnografia Distrital de Setúbal quando, em Fevereiro e Março de 2005, foi identificado um nível do Mesolítico (8 mil anos atrás), numa área muito próxima do povoado Neolítico anteriormente descoberto e escavado no mesmo local. Segundo os arqueólogos, trata-se de uma área especializada na actividade de combustão constituída por cerca de 40 grandes lareiras, dispostas em fiada rectilínea, formadas por calhaus que se comportariam como termo acumuladores, e que eram usadas para cozinhar a carne dos animais caçados na região onde abundavam espécies como o boi selvagem, javalis, veados, lebres e coelhos. A carne, depois de cozinhada, era posteriormente transportada para outras zonas onde houvesse menos caça, garantindo assim a subsistência do grupo ou comunidade que sazonalmente se estabelecia na Gaspeia, essencialmente para caçar mas sem descurar as outras potencialidades do local. Nas escavações de 2005, suportadas pela REFER no âmbito das obras de modernização da linha ferroviária do Sul, foram também encontrados artefactos em pedra lascada, recipientes cerâmicos e outros materiais que depois de estudados e tratados em laboratório, poderão permitir reconstituir a vida social e económica da Gaspeia, onde está registada a presença humana mais antiga nos territórios da freguesia de Alvalade. Os achados do povoado Neolítico da Gaspeia e do nível do Mesolítico identificado e escavado em 2005 foram depositados e continuam na posse do Museu de Arqueologia e Etnografia Distrital de Setúbal.
_LPR
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