A fotografia não é inédita e já foi publicada em Alvalade. Sem data nem autor conhecido, relembra a importância de outrora da Fonte da Bica e do lavadouro associado, sobretudo numa altura em que não existia rede de abastecimento de água na vila. Ainda hoje aquele equipamento é usado por alguns nichos da população e é um espaço de grande simbolismo para muitas gerações de alvaladenses.
A antiguidade e a vitalidade da mina de água que ainda hoje alimenta a Fonte da Bica, sugere-nos que ela já pudesse existir e fosse aproveitada na época romana. A fonte mudou para a actual localização em 1918, na sequência da construção do troço ferroviário Alvalade-Ermidas, em substituição da antiga Fonte Branca situada uns metros acima na encosta desbastada para receber a nova via de comunicação. A velha nascente, levou o Padre Jorge de Oliveira, nas suas reflexões históricas sobre a terra, a relacionar a origem do topónimo “Alvalade” com a denominação em latim do topónimo “Fonte Branca”, levantando também a possibilidade da vila ter nascido pela mão dos romanos.
Enquanto estas teses não se confirmam com novos estudos e alguns achados arqueológicos, do que não temos dúvidas é da extraordinária importância que a actual Fonte e Lavadouro da Bica tiveram ao longo de grande parte do século 20, na vida quotidiana da população alvaladense. Nas suas funções principais, enquanto fonte de abastecimento de água e lavadouro público, mas também enquanto espaço de convívio social, de confidências, de arranjos e de desarranjos de namoricos, ou onde em surdina se contavam e ouviam as últimas notícias da vida da terra e do país, o que faz daquele conjunto um dos locais mais importantes da memória colectiva de Alvalade.
_LPR
Comentários recentes