A referência mais antiga sobre o Bairro da Fonte data de 1840 mas o lugar terá sido ocupado e habitado muito antes disso e por influência da proximidade da antiga Fonte Branca, que em 1918 deu origem à Fonte da Bica. Mas também por força da principal entrada da vila que por ali passou durante vários séculos, vinda do Porto de Beja, e desembocando depois na praça D. Manuel I pela travessa do Espírito Santo. A rua da Bica, como hoje é designada, foi ‘separada’ da vila por volta de 1914 quando a expansão da linha ferroviária do Sul lhe impôs e rasgou a passagem de um troço e a circulação de comboios nas suas costas. No outro lado da rua, em pleno vale do Sado e leito de cheia, foram nascendo pequenas hortas com algumas árvores de fruto, como complemento e ajuda aos magros rendimentos dos moradores da rua e das suas proximidades. Uma rua habitada quase sempre, na maioria, por gente humilde e de recursos modestos que tantas vezes sofreram os efeitos das grandes cheias do vale do Sado que marcaram o local até ao último terço do século passado… Ainda hoje se observam várias habitações com as entradas mais altas e servidas por alguns degraus como defesa contra as inundações provocadas pelas cheias. A rede eléctrica e a iluminação pública da vila, inauguradas em 1958, não incluíram o Bairro da Fonte que ainda esperou vários anos e foi o último sector urbano de Alvalade a usufruir dos seus benefícios. As memórias mais antigas do Bairro da Fonte integram ainda um lagar que o abastado proprietário Francisco Mira Pinheiro, natural da Azinheira dos Barros, detinha e incluiu no seu testamento em 1904, «(…) metade d’um lagar d’azeite no sitio da Fonte Branca. Confronta de norte com estrada que vai para a Fonte, sul com olival do Padre Bernardo António de Souza, nascente e poente com terras do Concelho. Paga de foro 300 réis à Câmara Municipal do concelho de S. Thiago de Cacem», na altura avaliado em 300 mil réis. E um olival «(…) denominado a Fonte no sitio da Fonte Branca. Confronta de norte com a estrada real, sul com as covas d’areia, nascente com terras do concelho e poente com a estrada pública. É livre de foro e pensão. Avaliado em 125 mil réis.», já quase desaparecido. Mais recentemente, o lagar de azeite que ficaria conhecido como o ‘Lagar do Cebola’, partilhou a importância e o destaque no bairro com a Fonte e o Lavadouro da Bica.
_LPR
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