O Bodo foi também tradição secular em Alvalade, que se cumpria a partir da Capela do Espírito Santo (instituída na segunda metade do séc. XVI), situada na Praça D. Manuel I no local onde hoje está a residência dos herdeiros do lavrador Ilídio, assim conhecido na terra. A festa anual do Divino Espírito Santo decorria sempre de forma solene e muito participada, sendo a distribuição do Bodo um dos seus momentos altos e que consistia na distribuição de alimentos aos pobres ou remediados, a que por vezes se juntava algum dinheiro. Para o Bodo contribuíam os lavradores e proprietários mais abastados da terra, oferecendo farinha, feijão, vinho, reses, etc.
A visita pastoral do Bispo de Beja, D. José do Patrocínio Dias, em 16 de Novembro de 1943 (na imagem), foi também pretexto para a distribuição do Bodo a partir da igreja paroquial de Alvalade contemplando uma dúzia de seleccionados, porventura os mais “sortudos” entre os muitos carenciados e desprovidos que por certo abundariam na vila, à época. Francisco Palma, António das Neves, A. Calhabana, António Madeirinha, António Guerreiro Linhas, Joaquim de Brito, Maria dos Santos, Maria das Neves, Rosa Campaniça, Maria Isabel Barrancos, Leopoldina Maria e Mariana Marufo foram nesse ano os “felizes” escolhidos para o Bodo, tendo cada um levado para casa um quilo de pão, meio quilo de carne, duzentos e cinquenta gramas de toucinho, cento e cinquenta gramas de linguiça, meio litro de feijão e ainda cinco escudos em dinheiro. Uma oferenda magra a que não seriam alheios os tempos difíceis à época, agravados pela 2ª Guerra Mundial, mas que ainda assim deve ter sido recebida com emoção e muito significado por quem habitualmente pouco tinha…
_LPR
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