Certamente devido à pobreza do meio, o Entrudo, em Alvalade, é sempre manifestado nas ruas de forma sórdida: sujo e por vezes obsceno, devido ao desconhecimento ou pouca energia das autoridades. O Entrudo, na rua, apresenta-se de cara mascarada, trajos paupérrimos, trocando os sexos e alterando a voz.
Depois de se ter organizado a Sociedade Recreativa de Alvalade, a Direcção desta Associação de recreio contrata grupos musicais e dá bailes na sua sede nos dias de Carnaval. Na quarta-feira de cinzas, já fora da época carnavalesca, já de noite, um grupo de estúrdios empunhando archotes, organizam um simulacro de cortejo fúnebre, metendo defunto, sacerdote com acólito, levando este, um “doutor”(penico) com água e uma vassoura que serve para aspergir os circunstantes após uma saraivada de latinório burlesco. Param em vários pontos e aí é lido o testamento do finado que consiste numa enormidade de disparates, excelentes para desopilar o fígado… Termina a comédia nos olivais, aonde se enterra o defunto que é honrado com uma descarga dada por caçadores que em grupo acompanham esta tirada cómica.
_Apontamentos históricos do Padre Jorge de Oliveira (1865/1957), pároco de Alvalade entre 1908 e 1936, para uma monografia que não chegou a publicar.
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