Os mais idosos certamente ainda se lembram de ouvir falar nas célebres assombrações do Padre Bernardo, muito badaladas em Alvalade nos finais do século XIX e na primeira metade do século XX. Segundo a tradição oral, eram frequentes as aparições nocturnas do fantasma do Padre Bernardo (arrastando uma pesada corrente) junto do velho portão do quintal do Mira, na travessa do forno (entre as traseiras da sacristia da igreja matriz e a casa de Silvina Mestre) e nas colunas de cantaria da entrada de uma courela na várzea do Sado, em frente da vila. Embora já pouco falada, a história ainda hoje povoa a memória das gerações alvaladenses mais idosas…
Para os mais cépticos, a assombração do Padre Bernardo não foi mais do que uma invenção para amedrontar e afastar alguns curiosos de certos locais habitualmente usados para encontros amorosos clandestinos. Porém, ao longo do tempo houveram muitos mais que garantiram e juraram ter visto o fantasma do Padre Bernardo no portão do quintal do Mira (demolido e desaparecido há menos de vinte anos), qual guardião de um espaço que embora já descaracterizado tem ainda muito por revelar pela sua localização e configuração particulares, na travessa do forno e na entrada da courela acedida pelo caminho que vai desembocar entre a ponte seca e a ponte dos Arcos, que em tempos foi o acesso principal ao miolo da vila pela actual rua 23 de Agosto.
O Padre Bernardo António de Sousa, que oficiou na paróquia de Alvalade entre 1830 e 1866, e depois em 1883, ficaria ainda ligado à inauguração do cemitério público da freguesia, construído no cerrado de S. Pedro em 1854, tendo sido o último sacerdote a residir no “Priorado”, uma espécie de casa de função situada na aba direita ou esquina na entrada do Bairro de Campilhas (ou Bardanado, como é popularmente conhecido), através da rua de S. Pedro.
_LPR
Sou uma barrigota fora de Alvalade e mais uma vez fico entusiasmada com este site . Vejo que ha imensa cultura na minha terra Vejo que as pessoas se interessam com a historia da nossa vila. Quando leio os vossos artigos tenho aprendido imenso mesmo se ha coisas que ja conhecia. Obrigado aos autores e espero que continuem pois podem crer dao uma alegria imensa aos que estao fora de casa
Notável texto, este. Não deixarei de o associar aos meus estudos sobre a etnologia do nosso concelho.
Muito interessante esta lenda. Parabéns por todo este trabalho de divulgação!
Gostei. O texto está muito bom. Para além do padre Bernardo também nos metiam medo em criança com a história da velha da corrente . Era uma maneira de nos controlar e de nos integrar na cultura existente.