O Hospital do Espírito Santo terá sido fundado pela Ordem Militar de Santiago da Espada na segunda metade do século XIV ou no início do século XV. Apesar de designado como “hospital” era fundamentalmente um pequeno albergue que prestava assistência sobretudo aos pobres errantes, mercadores, peregrinos e viandantes. Regra geral, o hospital dava pernoita por uma noite, por vezes mais, aos itinerantes que nele encontravam uma refeição, um agasalho, uma cama para dormir e no dia seguinte retomavam o seu caminho. Em caso de doença poderiam permanecer mais algum tempo, cabendo ao hospitaleiro chamar o médico para cuidar do corpo e o sacerdote para as questões espirituais e do sofrimento da alma.
Em 1510, os visitadores da Ordem de Santiago da Espada descrevem-no como sendo um edifício térreo construído em taipa, coberto de telha vã, composto por um alpendre e três câmaras: uma divisão de entrada e duas outras de idêntica dimensão onde existiam quatro camas. Era gerido pela Confraria do Espírito Santo e tinha à sua frente o mordomo Tristão Mendes.
Após a fundação da Santa Casa da Misericórdia de Alvalade, em meados do século XVI, o hospital passaria para a sua administração. Estava localizado na rua da Cruz, em frente do alçado lateral direito da Igreja da Misericórdia.
O topónimo “Rua da Cruz”, que substituiu o secular topónimo “Rua Quente”, teve origem no hospital, concretamente na porta de entrada que apresentava uma cruz. Em 2005, durante as obras de demolição de uma antiga parede de taipa para a construção do edifício novo, de dois pisos, situado ao lado do café “O Furo”, foram encontradas duas pequenas medalhas, uma delas dedicada a S. Venâncio, patrono e protector dos viajantes, num espaço outrora pertencente ao dito Hospital do Espírito Santo.
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