Em Alvalade, o Neolítico está representado através de diversos achados, como por exemplo o povoado de Gaspeia, do V Milénio a.C. (Neolítico Antigo Evolucionado), escavado e estudado pelo Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal nos anos oitenta, em 2002 e em 2005.
Na margem esquerda do Rio Sado, em terrenos planos, arenosos, desprovidos de condições naturais de defesa e ocupando uma extensão superior a 25.000m2, estabeleceu-se na Gaspeia uma comunidade numerosa, vocacionada para a agricultura, contribuindo para isso a proximidade do rio e a grande fertilidade dos solos ao redor. A escavação e o estudo da jazida de Gaspeia, permitiu conhecer um pouco do quotidiano e a forma como aquela comunidade estava instalada e organizada, tendo sido identificadas estruturas de combustão (lareiras), e estruturas de habitat (cabanas), mas também os utensílios usados pela população local, nomeadamente de pedra lascada em quartzo, em sílex, e de cristal de rocha. Surgiram também cerâmicas de pasta grosseira, compacta, pertencente na maior parte a taças de calote (forma esférica e em saco), por vezes com decoração impressa (com espátula) e incisa. Sabemos assim que hásete mil anos atrás, em Gaspeia, a população neolítica que ali viveu aproveitou e potenciou todos os recursos que o local lhe permitia, dedicando-se à agricultura e ao pastoreio, à caça e à pesca, mas também fabricando as suas próprias roupas, os instrumentos agrícolas e os utensílios domésticos que necessitavam. Para além de Gaspeia, a presença humana no Neolítico em solos alvaladenses deixou outros vestígios na freguesia, que estão representados na pequena colecção de arqueologiada Casa do Povo de Alvalade e através de uma doação de materiais feita em finais de 2004 à junta de freguesia por um dos antigos proprietários do Monte da Vinha de onde se destacam, por exemplo, várias mós manuais e alguns machados de pedra polida, entre outros.
As terras da herdade do Monte da Vinha forneceram também um dos achados mais espectaculares realizados na freguesia igualmente do mesmo período. Trata-se de um vaso (na imagem) de forma ovóide, ou em “fundo de saco”, de colo alto e cilíndrico que apresenta 3 asas verticais e assimétricas de suspensão e decoração impressa que foi doado ao Museu Nacional de Arqueologia em 2003, pelo escritor Mário de Carvalho, cuja família manteve, durante muitas décadas, a herdade em causa. Segundo os especialistas trata-se de uma peça notável e rara, provavelmente mais de carácter votivo do que funerário ou de uso comum, que se integra nas mais antigas produções cerâmicas características do Neolítico Antigo do Mediterrâneo Ocidental. Para além dos abundantes vestígios da ocupação e presença romana na freguesia, a pré-história, e em particular o Neolítico, justifica plenamente um projecto de prospecção, estudo e escavações nos locais já identificados e “classificados” de grande interesse e a abertura de um processo de negociações com o Museu de Arqueologia e Etnografia Distrital de Setúbal (MAEDS) para o regresso dos achados encontrados e levados de Gaspeia, que é património de Alvalade e só em Alvalade pode ser devidamente contextualizado e entendido.
_LPR
E, desse mesmo vaso, existe uma fotografia emoldurada que pertence a uma neta da antiga proprietária Ana Luísa Carvalho.
Na semana seguinte esse quadro foi oferecido ao M.A.E.D.S.
( Foi oferecido à Srª Dr.ª D. Joaquina Soares.) ( Directora do Museu). Setúbal.
Tanto quanto sei do Museu Nacional de Arqueologia, este vaso foi-lhes oferecido pelo Mário de Carvalho numa altura em ele pertencia ao Grupo de Amigos daquele museu. Mais tarde, o vaso foi estudado pelo MAEDS. Presumo que o vaso esteja no Museu Nacional de Arqueologia, no Mosteiro dos Jerónimos. Mas sem certezas…
Luiz