Inventário sobre a Santa Casa da Misericórdia de Alvalade, datado de 1860.
Bens Móveis
– Um Livro de Eleições, termos de mesa e algumas arrematações, que teve principio em 1698 (é o mais antigo deste inventário).
– Um Senhor Morto, um crucifixo, Santo Amaro e Nossa Senhora da Conceição.
Do Hospital (do Espírito Santo) – um colchão de lã, um enxergão velho, seis lençóis, um travesseiro velho, uma fronha velha, duas mantas de lã, um cobertor, duas cobertas de chita, um guarda-cama, dois pratos de estanho e uma tumba.
Pratas
– Um cálice, com patena e colher, lavrado, que se arma em custódia. Pesa, com os vidros, quatro marcos, três onças e cinco oitavas e meia.
– Uma coroa antiga, lavrada, que foi dourada, com o peso de treze onças e sete oitavos.
Bens Imóveis – Prédios
– A Igreja (da Misericórdia), na Praça, com o quintal na retaguarda.
– Um casarão aonde foi a igreja do Espírito Santo.
– Uma morada de casas, na Rua da Cruz desta vila, que são três casas térreas e servem de hospital: Partem do Nascente, com casas de Francisco António Aragão; pelo Norte, com a Rua da Cruz, pelo Sul, com a Rua das Estalagens; e pelo Poente, com a Estalagem de João Travassos.
– Um celeiro situado na Rua das Estalagens (actual Rua 31 de Maio de 1834), desta vila, que parte, do Nascente, com casas de Joaquim Pedro; pelo Norte, com casas de Francisco António Aragão; pelo Sul, com a Rua das Estalagens e pelo Poente, com o Hospital.
Foros
– Um prazo fateusim, que é uma courela, chamada dos “Asnos” nas várzeas desta Vila que consta de terras de semear. Parte do Nascente e Sul com o Pego Verde; Norte, com a estrada que vai para Santa Luzia; do Poente, com a estrada dos Coitos, pela qual paga José Vicente Serrano, morador em Grândola, o foro anual de quatro alqueires de trigo.
– Estão mencionados neste inventário, 37 foros.
_Apontamentos históricos do Padre Jorge de Oliveira (1865/1957), pároco de Alvalade entre 1908 e 1936, para uma monografia que não chegou a publicar.
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Seria interessante, para um investigador, ou interessado, traçar o destino destes objectos e destes imóveis.
Após a extinção da Santa Casa da Misericórdia de Alvalade, os seus bens foram incorporados na Casa Pia de Beja, em 1861.
Há peças que transitaram para a igreja matriz, como é o caso do Senhor Morto, que ainda lá permanece, entre outras.
Quanto aos imóveis, nada se sabe nos dias de hoje sobre qual o destino que lhes foi dado pela Casa Pia de Beja.
_LPR
Mais uma vez o Alvalade.info revela informações importantes da história da nossa frguesia. Muito bem Luis, continue a revelar os elementos a que teve acesso.
JRN
Uma das conclusões evidentes que podemos tirar só com estes elementos, é que a Santa Casa da Misericórdia de Alvalade não foi extinta por falta de bens e de rendimentos, uma vez que era detentora de um grupo de propriedades considerável na maioria dos casos fruto de deixas testementárias.
_LPR
Sei que muitas propriedades rústicas na Várzea de Campilhas e a zona urbana da Rua Poeta Aleixo e outras, pagavam foros à Casa Pia de Beja. O pai do Dr.Acácio, para quem trabalhei, tinha courelas nas trazeiras do Cemitério e todos os anos pagavam. Os foros foram extintos após o 25 de Abril. Era necessário que se soubesse como a Casa Pia de Beja adquiriu esses direitos.
JRN
A extinção da Santa Casa da Misericórdia de Alvalade e a transferência de todos os seus bens para a posse da Casa Pia de Beja, no século XIX, foi uma decisão do Governo Civil de Beja.
_LPR