Recorrer ao património como ferramenta pedagógica na sala de aula ou fora dela, é a opção ideal quando se trata de valorizar o património português. A ponte pode ser feita com diferentes disciplinas: história, geografia, ciências, artes visuais…
Várias vezes ouvi falar das visitas que as escolas de outras regiões realizam a Lisboa. Sempre as vi como autênticos passeios turísticos, com cerca de uma centena de alunos, numa logística nada fácil para professores e acompanhantes. A visita é feita num ritmo alucinante, imbuído de um espírito consumista, sob a premissa de visitar num só dia o maior número de museus e principais monumentos de referência da nossa História.
Depois da experiência profissional que tive durante alguns anos no concelho de Sesimbra, pergunto-me: E o património local? Será que é devidamente explorado pelos professores?
Quero apresentar-vos, de uma forma muito geral, as potencialidades educativas patrimoniais num determinado território, neste caso na Península de Setúbal. Esta região abrange nove concelhos (Alcochete, Almada, Barreiro, Montijo, Moita, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal) e todos eles possuem museus municipais e/ou percursos pelo património local, dinamizados pelos técnicos das autarquias respectivas.
Valerá a pena referir que a Península de Setúbal reflecte, como outros casos no nosso país, a preocupação que surgiu no pós 25 de Abril relativamente à salvaguarda e valorização do património português. É na década de 80 do século XX que muitos museus desta região abrem portas devido, sobretudo, às campanhas de levantamento patrimonial que deram origem à constituição das várias colecções.
As áreas abordadas são diversas. Vão desde a etnografia ligada ao mar (Museu do Mar, em Sesimbra; Museu Naval, no Seixal) ou ao campo (Museu Agrícola, no Montijo; Núcleo do Vinho e da Vinha, em Palmela); a arqueologia (presente em quase todos os concelhos); a arqueologia industrial (Moagem de Sampaio, em Sesimbra; Fábrica da Pólvora, Núcleo da Mundet e Moinho de Maré, no concelho do Seixal; Moinho do Esteval, no Montijo); a arte sacra (Capela do Espírito Santo dos Mareantes, em Sesimbra; Museu de Setúbal/Convento de Jesus); ou a história natural (jazidas de icnofósseis, em Sesimbra).
As propostas educativas, protagonizadas pelos serviços educativos dos museus municipais respectivos, são várias e adequadas ao nível de escolaridade: visitas orientadas ou guiadas; visitas-jogo; percursos pedonais; ateliers ou oficinas; animação/teatro e maletas pedagógicas. Em alguns casos até proporcionam o contacto directo com as gentes locais.
Aos professores apenas posso dizer: atrevam-se a explorar o que têm de melhor na vossa região! Diz-se que “só quem conhece pode valorizar o património”. Atrevo-me a reformular para “só aquele que conhecer o património da sua vila, da sua cidade, da sua região pode valorizar o património de um país”.
_Patrícia Godinho in património.pt
A reflexão de Patrícia Godinho, da Spira, aplica-se não apenas ao território referenciado mas também a Alvalade e à região em que estamos inseridos, onde existem vários nichos de património que podem perfeitamente integrar os projectos educativos das nossas escolas.
_LPR
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