Superstições e remédios caseiros

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3 Comentários

FechaduraÉ costume aqui e em muitas outras regiões do país quando alguém espirra, dizerem: Jesus ou Dominus Tecum (O Senhor é contigo). Alguém me perguntou por que motivo se diziam tais palavras. Respondi: É crença vulgar que o diabo, sendo puro espírito, pode entrar pela boca. Ora, sendo o espirro uma expiração violenta, dá lugar a uma inspiração funda, e, portanto, a saída para o diabo entrar. Para evitar o mal, dizem-se as conhecidas esconjuras para esconjurar o diabo, ou o sinal da cruz sobre a boca. Pelo mesmo motivo, em tempos idos, o escudete da fechadura das portas tinha uma cruz, para que o diabo não entrasse pelo buraco da chave. Paralelas a esta superstição, são as costumeiras de se deitar fora toda a água que existir em casa aonde alguém morre, não tenha ido para lá o espírito do falecido. Pelo mesmo motivo, alguns desperdiçam a comida existente naquele lar.

 

Remédios

Frango preto, aberto pelas costas – metendo nele os pés do doente, cura a febre

Excrementos de pombo, com vinagre – postos nas barrigas das pernas, alivia a febre

Infusão de arruda ou macela – curas as lesões e maleitas

Ovários das flores de estevas em infusão – curam as febres palustres

Urina humana – toma-se para curar a iterícia e apressar a descida da placenta

Papas de cinzas – rebentam os tumores

Pedaço de pedra de ara ao pescoço dos meninos – tira-lhes o enguiço

Fios de franja da estola – curam o mau-olhado

_Apontamentos históricos do Padre Jorge de Oliveira (1865-1957), pároco de Alvalade entre 1908 e 1936, para uma monografia que não chegou a publicar.

3 Respostas a Superstições e remédios caseiros

  1. Manuel Neves (Lito)   20 de Novembro de 2013 at 17:38

    Começo a entender os motivos que justificam que nunca tivessem sido publicados os pensamentos do padre Jorge…
    Não posso crer que Ele mesmo acreditasse nestes remédios.

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    • admin   22 de Novembro de 2013 at 15:39

      O texto nada tem a ver com pensamentos do Padre Jorge, mas com a realidade social e cultural de Alvalade que ele coligiu em vida. São parte das memórias da freguesia.
      _LPR

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  2. Rosa Freire   5 de Maio de 2015 at 23:45

    Acredito que fossem estas as “mesinhas” utilizadas e muitas outras que aqui não estão, porque não havia e as pessoas não tinham meios financeiros para ir ao médico.

    Responder

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