A ermida ou igrejinha de S. Sebastião foi levantada no termo da vila (em finais do século 15 ou inícios do século 16), numa pequena elevação nas proximidades do actual depósito de abastecimento de água de Alvalade. Do cimo do pequeno cerro, irradiava a sua protecção sobre a povoação contra a peste, as epidemias, a fome e as guerras, cumprindo a crença e a função do seu patrono.
Em 1510, os visitadores da Ordem Militar de Santiago descrevem-na como sendo constituída apenas por uma divisão, com um altar de taipa, que exibia uma pintura sobre madeira com a imagem de S. Sebastião. A única entrada do pequeno templo era antecedida por uma galilé. A conservação da capelinha estava a cargo da câmara de Alvalade, responsabilidade que deve ter descurado uma vez que, em 1529, após uma nova inspecção da Ordem de Santiago, os espatários ordenam a sua demolição e a construção no mesmo local de um novo templo em sua substituição (provavelmente o estado degradado da ermida já não justificaria obras de conservação).
A nova ermida, que demorou a ficar concluída, passou a ter câmara e capela-mor abobadada, e “…uma imagem nova he muito boa de vulto de Sam Sebastiam”. Porém, o grande terramoto de 1755 provocou-lhe estragos de grande vulto. Os poucos meios da paróquia não permitiram a sua recuperação e o templo foi votado ao abandono, acabando as suas ruínas demolidas no segundo terço do século passado. O reduzido acervo que restou já antes tinha sido depositado na igreja matriz, onde ainda se encontra a imagem de S. Sebastião.
Resta a memória e a recordação de várias gerações de Alvaladenses que ainda conheceram a pequena ermida, aqui documentada por uma fotografia gentilmente cedida pelo Sr. Aires Mendonça.
_LPR
Artigo relacionado: A ermida de S. Sebastião (II)
Ainda guardo na minha memória a imagem da Igrejinha de S.Sebastião, embora bastante degradada e cheia de lixo. Podia e devia ter-se tido mais cuidado em relação a este nosso património, foi uma pena que a tivessem demolido. Esta tem sido sempre a minha opinião e agora aqui ao ver a sua imagem e ao ler este artigo fico com uma grande nostalgia.
desde pequenita que oiço falar desta capelinha, há anos comprei uma foto da capela tirada a um quadro pintado por um artista de Alvalade. Fiquei muito feliz em ver uma foto da mesma. Obrigada
Em Alvalade, mesmo com a igrejinha de São Sebastião demolida, existia a rua de São Sebastião onde residi. Há alguns anos mudaram-lhe o nome como parece ser apanágio nessa localidade. Para mim será sempre a rua de São Sebastião.
Há coisa de 4 ou 5 anos, sugeri à junta de freguesia que fossem substituídas as placas toponímcas do centro histórico por pequenos painéis de azulejos, que passariam a incluir os topónimos actuais e por baixo os topónimos antigos, como informação histórico-cultural. Fiz o levantamento e coligi todos os topónimos antigos, que posteriormente foram entregues à junta de freguesia. A ideia foi bem acolhida pela autarquia e sei que ainda foram pedidos orçamentos para os painéis de azulejos. Provavelmente ainda não houve disponibilidade financeira da autarquia, presumo eu, mas não seria uma obra de grande custo.
Evidentemente que a Rua de S. Sebastião fazia parte do grupo dos topónimos antigos que estão no levantamento que fiz.
_LPR
Seria interessante porque cada rua ou travessa tem a sua história. Conheço vários centros históricos com placas assim. Avancem com isso que Alvalade merece e é uma terra muito antiga.
Ainda conheci a igrejinha de “S. Sebastião”, como me lembro de ser chamada. Também concordo com os tais painéis em azulejo, como sugestão de admin. Gostaria de passar na rua onde morei e ver a descrição histórica da mesma, enfim. Oxalá isso se concretize.
Tenho esperança de que os painéis de azulejos para os topónimos do núcleo histórico ainda sejam concretizados. De outra forma sentirei que o pequeno trabalho que fiz, gratuito e totalmente desinteressado, foi em vão e sem qualquer utilidade.
Sobre a demolição da Ermida de S. Sebastião…foi mais uma perda para o nosso património, mas na altura as grandes preocupações eram outras. Se fosse hoje, seria muito difícil que a ermida tivesse sido demolida, sem qualquer respeito pela memória colectiva da freguesia, como aconteceu naquela altura.
_LPR
Era vice-Presidente da Câmara quando as ruínas da Capela de S. Sebastião foram destruidas. Conto o que se passou: quando a Comissão Administrativa foi empossada, em Maio de 1974, estava já elaborado o Projecto do Plano de Expansão de Alvalade, mandado executar pela Câmara anterior, ignorando no mesmo a Capela. Logo que tomámos posse fomos confrontados, bem, pela população desejosa de terrenos para construir, de recordar que os anos 60 com a ECA havia dinheiro a circular. Apressadamente a Comissão insistiu junto da Direcção de Urbanização de Setúbal para resolver, assunto a m/cargo, assim os terrenos foram distribuidos, as moradias construidas, porque em primeiro lugar estavam as pessoas e na Capela ninguém falou. Da parte que me diz respeito confesso a minha culpa. Mas só quem vive os momentos pode avaliar as situações.
_JRN
Sobre a demolição da Ermida de S. Sebastião…foi mais uma perda para o nosso património, mas na altura as grandes preocupações eram outras. Se fosse hoje, seria muito difícil que a ermida tivesse sido demolida,sem qualquer respeito pela memória colectiva da freguesia, como aconteceu naquela altura.
_LPR