Eduardo Olímpio com poema inédito dedicado a Alvalade

Início » Últimas » Eduardo Olímpio com poema inédito dedicado a Alvalade

16 Comentários

eduardoolimpio12Recebemos e publicamos (com muito gosto), o poema inédito “Recordar é viver” do poeta e escritor alvaladense Eduardo Olimpio, enviado para Alvalade através desta página. Pela sua obra, de dimensão nacional e que parcialmente se insere no neo-realismo português, há muito que justifica uma homenagem da terra que contemple, também, a atribuição do nome de Eduardo Olímpio a uma rua de Alvalade.
Homenagear Eduardo Olímpio é reconhecer o valor e a obra de um filho da terra e prestigiar também a freguesia e a sua dimensão cultural.

_LPR

…………………………………………………………………………………………….

Recordar é viver

Foi na Vila de Alvalade
Que há tantos anos nasci.
Hoje Alvalade é saudade
Como a que eu tenho de ti.

Não vejo a Rosa Feitor
A vender seus realejos.
Nem o meu primeiro amor
Com olhos côr dos poejos.

No Largo da Feira havia
O tal Circo Cardinal
Com um leão que rugia
Pobrezinho, muito mal.

Era o Pepe num cavalo
Miss Mary no arame
Todos morreram, deixá-lo
Ao menos ficou seu nome.

O espigado Adalcino
E o redondo Estanislau
Jogavam, num sol a pino,
À bilharda, com um pau.

Tio Simão dos candeeiros
Vendia água a granel
Eu subia nos pinheiros
Com lenhos em toda a pele.

As meninas do Garcia
Vestiam lindo tobralco.
Chica Raminhos morria
Desonrada num socalco.

E o dandy senhor Gião
Vindo lá dessas Lisboas
Com uma luva na mão
Beijava a mão às pessoas.

Mestre professor Anaya
Que ensinou na freguesia
Foi quem me lançou a váia
Dos mistérios da poesia.

Há cinco séculos nasceste
Num foral que te foi dado
Cresceste e não te vendeste
Minha Alvalade do Sado.

Nunca negues o teu pão
Linda Vila de Alvalade
Que é dentro do coração
Que se faz uma cidade.

Dizemos que o tempo passa
Na lembrança dos avós
Mas o tempo nunca passa
Quem passa, sim, somos nós.

_Eduardo Olímpio

16 Respostas a Eduardo Olímpio com poema inédito dedicado a Alvalade

  1. Fernando Direitinho   19 de Janeiro de 2016 at 16:22

    Tenho ouvido falar muito no Eduardo Olímpio mas não sabia os seus dotes agora depois de ter lido os versos e dão sorte. Talvez venha o nome duma rua Eduardo Olímpio o poeta porque não, fico a aguardar !!!

    Responder
  2. José do Rosário   19 de Janeiro de 2016 at 16:52

    Parabéns por retratar de maneira simples, mas espectacular a sua terra (nossa terra).

    Cumprimentos afectuosos de José do Rosário

    http://picaorelha.blogspot.pt

    http://bcac1891.blogspot.pt

    Responder
  3. Zulmira Madeira   19 de Janeiro de 2016 at 17:26

    Tenho o prazer de conhecer este Senhor e também algumas das suas obras das quais gosto muito. Sei que é uma pessoa simples que não gosta de se expor muito, mas já era tempo das entidades da sua terra lhe agradecerem as homenagens que individualmente tem prestado Alvalade que é também a nossa terra.

    Responder
  4. Milita Dias   19 de Janeiro de 2016 at 20:17

    Um dos grandes valores da Alvalade como escritor, é uma pessoa simples muito educado e correto, nunca esqueceu a sua terra este poema é bem esse testemunho.
    Um grande abraço a este brilhante e ilustre escritor de Alvalade.

    Responder
  5. Zulmira Madeira   19 de Janeiro de 2016 at 20:30

    Tenho o prazer de conhecer este Senhor e parte da sua obra.
    Sei também que é uma pessoa simples que não gosta de se expor, portanto alguém deve prestar-lhe homenagem tal como ele o tem feito por Alvalade que também é a nossa terra.

    Responder
  6. Maria Dores Carvalho Amado   19 de Janeiro de 2016 at 22:04

    “o Homem sonha, a obra nasce “

    Responder
  7. Maria Dores Carvalho Amado   19 de Janeiro de 2016 at 22:15

    E foi sonhando que Eduardo Olímpio nos presenteou com alguns livros em prosa e outros de poesia. Este bonito poema disposto em quadras retrata as gentes, as saudades, a vivência de Eduardo Olímpio pela terra que o viu nascer.
    Estão vivos na sua memória os que o marcaram duma maneira ou doutra…..Até não esqueceu os vestidos de “tobralco” ….
    Essa é de poeta numa certa embriguês inebriante com perfume de “proejo” .

    Responder
  8. Matilde Oliveira   19 de Janeiro de 2016 at 22:33

    Bonito poema, acho que é um orgulho para Alvalade Sado ter um escritor nascido na terra com esta importância literária.

    Responder
  9. Maria José Mestre   20 de Janeiro de 2016 at 14:43

    Gosto muito da poesia e da prosa de Eduardo Olímpio, ainda a passada semana estive a ler para a minha neta O Gato Tarzan, acho o António dos Olhos uma prosa que é pura poesia, e gostaria de ver uma Rua em Alvalade com o nome de Eduardo Olímpio.

    Responder
  10. Maria do Carmo Candeias   20 de Janeiro de 2016 at 15:20

    Tenho conhecimento de obras suas acho-as muito interessantes e muito realistas.
    Este é mais um poema que revê o passado de Alvalade-Sado e que se deve dar o valor merecido.
    Faz-me lembrar os poemas do António Aleixo.

    Responder
  11. Maria Dores Carvalho Amado   21 de Janeiro de 2016 at 8:30

    Deveria ter escrito…” poejo” (é o próprio comp. q emenda).

    Responder
  12. Maria Dores Carvalho Amado   21 de Janeiro de 2016 at 8:46

    Acabo de dar uma olhadela por alguns dos livros do ilustre Alvaladense, Eduardo Estelano, como era conhecida a família. Eduardo Olímpio publicou:

    Poesia
    Enlouqueço amanhã……………………….1964
    O Franco atirador e outros poemas ………..1965
    4 poetas sem passaporte (colectivo)……….1974

    Prosa
    Às cavapitãs do tempo……………1974
    Um rouxinol chamado Beatriz………1975
    António dos olhos tristes………..1978
    O Gato Tarzan….infantil………..1978
    Ternura………………………..1979

    Em co-autoria participou na Antologia “Para Alvalade com amor”. Da qual foi “padrinho”.

    Publicou tbm poesia e prosa em antologias, livros didácticos, discos, colagens teatrais, etc.
    Traduzido em França, Argentina, Grécia, Espanha e Brasil.
    Bem haja quem nos tem presenteado para a eternidade com toda esta obra…..

    Responder
  13. José do Rosário   24 de Janeiro de 2016 at 11:31

    As minhas filhas (Dora e Carla) aprenderam a ler muito cedo e um dos primeiros livros que leram foi …António de Olhos Tristes…penso que todos os Alvaladenses gostariam de ler esse e outros livros, com a assinatura de Eduardo Olimpio. Estou de acordo de que Alvalade, já devia de ter.. uma Rua com o nome de Eduardo Olímpio e de Augusto Deodato..isso até foi aprovado pelos sócios de uma Instituição Alvaladense e relembrado o porquê, de não se ter dado continuação final a esse desejo….

    Quando vejo algumas ruas com nomes de pessoas, que nunca conheceram Alvalade e não fizeram a ponta de um corno por esta terra, terem uma rua com o seu nome… Desculpem algum palavreado menos digno…impróprio para a ocasião…mas não apago o que escrevi…

    http://picaorelha.blogspot.pt
    http://bcac1891.blogspot.pt

    Responder
  14. admin   25 de Janeiro de 2016 at 11:00

    Já o disse muitas vezes e continuo a achar, também, que o Eduardo Olímpio já devia ter uma rua em Alvalade. No âmbito de uma homenagem que pudesse também incluir a reedição de algumas das suas obras, há muito esgotadas. O Eduardo Olímpio está para Alvalade como o Manuel da Fonseca está para Santiago.
    Parabéns Eduardo, pelos seus 83 anos! Faço votos que se mantenha por cá muitos anos e nos possa continuar a brindar com os seus versos.
    _LPR

    Responder
  15. Maria Inácia Nunes Matos   12 de Fevereiro de 2016 at 11:59

    Não nasci em Alvalade nem no concelho, mas conheço a Obra do Alvaladense Eduardo Olímpio há muitos anos. Penso que é uma divida que Alvalade tem para com os seus conterrâneos: Prestar-lhes homenagem em vida, mostrar-lhes que têm orgulho em si… Há mais Alvaladenses que esperam por uma singela homenagem…

    Responder
  16. José Martins de Carvalho   12 de Março de 2016 at 23:07

    Obrigado Eduardo. Sabes bem que sempre, ou quase sempre, acompanhei a tua obra literária como se impõe a qualquer Alvaladense (embora eu seja natural de canhestros). O nosso professor Manuel Anaia que te “encheu” a cabeça de poemas terá sido o responsável pela tua caminhada nas artes do escrever. Já pouco tempo teremos,(fizemos agora 83 anos!) mas penso que ainda poderão surgir mais alguns poemas. Abraços do Zé Carvalho (Monte da Vinha).

    Responder

Deixe um comentário

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.