Cavaleiro prestigiado da Ordem Militar de Santiago da Espada e membro dos Treze, João de Sousa era filho de Martim Afonso de Sousa II, conselheiro de D. Afonso V e fronteiro-mor, e de Violante Lopes de Távora. Do casamento com Branca de Ataíde, filha de João de Ataíde, camareiro-mor do Infante D. Pedro e 2º Senhor de Penacova, nasceram os filhos Manuel de Ataíde e Joana de Sousa de Ataíde. Ao serviço de Deus e do rei D. Afonso V “(…) e por honra do reyno, João de Sousa foi a muitas pelejas de mouros daquem e dalem mar, e das pelejas foy ferido de 7 feridas“. Em 1458, esteve presente e activo no cerco de Alcácer Ceguer. A 19 de Janeiro de 1464, participou na investida sobre Tanger, na qualidade de Capitão dos Ginetes do Infante D. Fernando. Esteve e participou também na batalha de Toro, em Março de 1476.

A carreira militar e os bons serviços prestados à Coroa valeram a João de Sousa a concessão das comendas espatárias de Santa Maria da Represa, Ferreira do Alentejo, Alvalade e Campo de Ourique, e ainda as rendas da aldeia de Colos. A 18 de Abril de 1496, D. Manuel I fez-lhe mercê de 200.000 reais de tença anual “(…) em pago e galardão dos seus muitos serviços a D. Afonso V, D. João II e ao Infante D. Fernando, pai D’El-Rei, assim no reino como nas partes de África e em Castela“.

Em 1510 é referido na visitação à Comenda de Alvalade, presidida pelo Mestre da Ordem de Santiago, D. Jorge de Lencastre, que decorreu entre 22 e 27 de Novembro. Na inspecção e nas determinações deixadas pelo Mestre da ordem santiaguista, destaca-se a vistoria à igreja de Santa Maria, actual igreja matriz de Alvalade, o templo principal do conjunto visitado. Estava bem corregida, mas a dignidade dos actos de culto não estava assegurada: não tinha sacrário, os paramentos e ornamentos eram deficitários e encontravam-se em mau estado e a maior parte dos livros litúrgicos estavam desencadernados, o que certamente dificultaria a sua utilização. A correcção destas anomalias ficou a cargo e expensas do comendador João de Sousa.

Terá falecido 5 anos depois, no início de 1515, já viúvo, e está sepultado na igreja matriz de Ferreira do Alentejo, com a esposa, Branca de Ataíde.

_Luís Pedro Ramos