A escola paga da Dona Inês…

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Natural de Sines, onde nasceu em 1901, Inês Faria Ramos radicou-se em Alvalade em 1933. Pessoa de conduta irrepreensível e de grande delicadeza no trato, rapidamente ganhou a estima e o respeito da população com quem privou até 1986. As suas reconhecidas capacidades de transmissão de conhecimentos e saberes, poderiam concorrer para que Dona Inês, como era carinhosamente tratada, se tivesse candidatado a regente escolar no ensino público, profissão criada em 1931 por um decreto do governo de Salazar para combater o elevado número de iletrados que existiam no país, para a qual não era pedida qualquer habilitação e apenas se exigia “(…) a necessária idoneidade moral e intelectual“. Inês Faria Ramos preferiu cumprir a sua vocação criando uma pequena “escola” em casa, na rua de Lisboa, contribuindo, dessa forma, para combater a elevada taxa de analfabetismo que por essas épocas grassava em Alvalade e ainda hoje é lembrada por muitos dos seus antigos alunos…

Pelo nº22 da rua de Lisboa passaram várias gerações de alvaladenses onde conheceram as primeiras letras com a Dona Inês, numa época em que não existiam creches, infantários nem pré-primárias. Ali aprendia-se a ler, a escrever, a tabuada, mas também a rezar ou a cantar o hino nacional. Ensino puro e à maneira antiga, preparando a criançada da vila para a entrada no ensino oficial. Apesar do seu labor contra a iliteracia alvaladense, ao longo de várias décadas, nunca viu o seu contributo reconhecido…

_Luís Pedro Ramos

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