Início » Últimas » A pneumónica de 1918…
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À semelhança do que aconteceu no país, também em Alvalade a gripe de 1918 (pneumónica, para os portugueses) desfez famílias e ceifou a vida a um número significativo de habitantes. A maior pandemia do séc. 20 (e uma das mais mortíferas da história da humanidade), atacou Alvalade em força nos finais de Setembro e em Outubro, desse ano. A virulência extrema do agente e a sua rápida disseminação entre a população, fez de Alvalade o caso mais grave entre as freguesias do concelho. A 21 de Outubro de 1918, a câmara municipal de Santiago do Cacém oficiou o Governador Civil, o Comandante da 1ª Divisão do Hospital Militar Colonial e o Director Geral de Saúde, referindo que “(…) neste concelho de vasta area appareceu a epidemia pneumónica com enorme percentagem de óbitos, e para a combater [há] grande falta de medicamentos e médicos, porque dos três [clinicos] municipaes só um estava a trabalhar”. A dimensão do surto da gripe em Alvalade atingiu tais proporções que obrigou “(…) a auctoridade administrativa e sanitária a lançar mão do quintanista de medicina Aníbal Viola, ordenando-lhe que fosse prestar os serviços médicos na freguesia de Alvalade onde o perigo é maior”.
Um mês depois, a 21 de Novembro, já com a gripe controlada, o zelador municipal de Alvalade comunica à edilidade “(…) ser necessário fazer a desinfecção da casa da escola d’Alvalade, que tem estado a servir de hospital dos epidemiados, visto aproximar-se o dia da abertura da escola”. O município responde, ordenando ao funcionário “(…) que mandasse queimar enxofre dentro do edifício e caiar as paredes interiores e lavar os sobrados, enviando para a Câmara a nota das despesas”.
Com a gripe debelada, o município santiaguense aprovou um voto de louvor e agradecimento para o clinico Aníbal Viola “(…) pela forma correcta, prestimosa e humanitária como prestou assistência a toda a parte onde foi chamado, desde o período agudo [da pandemia] na vila de Alvalade até aos cuidados no hospital desta vila”. Porém, a má memória e os efeitos da pneumónica (ou gripe espanhola), em Alvalade, iriam ainda perdurar nas décadas seguintes…
Agradecimento: a Vitor Paulo Barata pela referência documental e pesquisa nos livros de actas municipais.
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