Alvalade setecentista…

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Por alturas do grande sismo de 1755, Alvalade era uma pequena vila, de poucos arruamentos e que se resumiam ao largo do adro (actual largo 25 de Abril), rua do adro (actual rua 25 de Abril), rua da Figueira, travessa da Figueira, rua de S. Pedro, Priorado, travessa do adro (actual rua Padre Abel Varzim), rua de Lisboa, travessa do Espírito Santo, praça D. Manuel I, travessa da Misericórdia (actual travessa da Cruz), rua Nova (actual rua Dr. António Guerreiro Fernandes), rua da Estalagem (actual rua 31 de Maio de 1834), rua Direita (actual rua da Cruz ), travessa de S. Sebastião (actual rua Almirante Reis), e largo da Feira (actual praça da República). O bairro de Campilhas, para onde a vila se estendeu, já albergava também alguns moradores. Embora sede de concelho e de origens muito remotas, os edifícios mais importantes e notáveis da vila eram a igreja matriz e a igreja da Misericórdia.
Os cargos de poder nas instituições alvaladenses eram distribuídos e circulavam pela aristocracia local e a vila era habitada, maioritariamente, por gente de parcos recursos que ocupavam casas térreas muito modestas, em taipa. Imóveis de sobrado não chegariam a uma dezena. Na cintura da povoação, pontificavam as ermidas de S. Sebastião e de S. Pedro, rodeadas por dois importantes olivais, seculares, que as separavam da vila e que o crescimento urbano de Alvalade se encarregou de fazer desaparecer. Em 1755, a praça D. Manuel I já teria uma configuração muito próxima da actual, com excepção do alçado onde, em 1964, foi construída a sede da Casa do Povo, após a demolição de um pequeno conjunto de moradas e da casa de sobrado dos Lança Parreira onde o deposto Rei D. Miguel I ficaria alojado na noite do dia 31 de Maio de 1834. A casa da câmara ou paços do concelho, a igreja da Misericórdia, a modesta capela do Espírito Santo e o hospital-albergue do Espírito Santo, de fundação medieval, nesta altura já na tutela da Santa Casa da Misericórdia de Alvalade, transformaram a praça no centro cívico e administrativo da vila e do concelho. A Casa dos Juízes, já no início da rua de S. Pedro mas voltada para a praça, completava o conjunto dos edifícios mais importantes do coração da vila e onde se sentiam os vários poderes que pendiam sobre o velho concelho de Alvalade: o poder do Rei, da Ordem Militar de Santiago, do Arcebispo de Évora e da Comarca do Campo de Ourique, a quem pertencia o concelho alvaladense. O pelourinho manuelino, símbolo e instrumento da autonomia administrativa concedida pelo Rei D. Manuel I em 1510, com a outorga do foral, ocupava o centro da praça.

Para a administração e governo do concelho “(…) Alvalade tem uma companhia de ordenanças (soldados), governa-se por dois juízes ordinários, três vereadores, um procurador do concelho (cargo equivalente ao actual presidente de câmara), escrivão da câmara, juiz dos órfãos com um escrivão, dois tabeliães e um alcaide, cujos ofícios faz o ouvidor da comarca de três em três anos e em cada ano sai seu pelouro fechado e nele a justiça nossa para governo da Vila e seu termo“, informações coligidas pelo Padre Luís Cardoso, em 1747, para o 1º volume do seu ‘Dicionário Geográfico de Portugal’. O pároco de Alvalade era nomeado pelo Rei, através da Mesa da Consciência e Ordens.

_Luís Pedro Ramos 

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