A década de sessenta do século passado marca o nascimento da Mimosa, enquanto aglomerado urbano. Em 1965 já a empresa Sacor tinha construído a estação de serviço e o restaurante, aproveitando o volume de tráfego da estrada que durante muito tempo foi a ligação mais importante entre Lisboa e o Algarve. A venda de terrenos facilitada pelo proprietário José Gonçalves (Zé Mata-Lobos), levou também vários particulares para a Mimosa onde construíram habitação e se fixaram, numa altura em que a vila se debatia com algumas dificuldades em expandir-se, sobretudo nos terrenos privados confinantes com o acesso à Estação dos Caminhos de Ferro. No mesmo ano, a ECA – Empresa de Concentrados de Tomate, a laborar já em grande força, preparava o aumento do número das linhas de produção e a construção de uma fábrica de latas.
Dentro da vila, a população já tirava partido da nova sede da Casa do Povo, inaugurada em 1964, com condições e serviços ímpares na região e, 4 anos depois, em 1968, é fundado o Futebol Clube Alvaladense, dando corpo a um velho sonho da população.
Na última década de sessenta, a freguesia de Alvalade conhecia um dos melhores ciclos de desenvolvimento da sua história, alicerçado em vários investimentos já realizados na década anterior, como por exemplo a rede pública de abastecimento doméstico de água (inaugurada em 1960), a construção da ponte dos Arcos (aberta ao trânsito em 1952), a rede eléctrica doméstica (inaugurada em 1958), o serviço telefónico (cujo período de funcionamento foi alargado em 1959, data também da primeira lista telefónica da freguesia), o Cinema de Alvalade (inaugurado em 1956), entre outros melhoramentos de vulto e com impacto directo na qualidade de vida da população. Esse surto de desenvolvimento sentia-se no pulsar diário da freguesia, dentro e fora da vila, como por exemplo nos montes e herdades, pujantes de vida, onde residia uma franja muito importante da população alvaladense. É o caso do Porto de Beja, entre Alvalade e a Mimosa, numerosamente habitado, como se observa nesta fotografia dos finais da década de sessenta, que documenta apenas um exemplo do que acontecia ao longo de todo o território interior da freguesia.
_LPR
Agradecimento: ao amigo António Belchior pela cedência da fotografia.
Depois de tão explicita descrição, quero acrescentar que foi o José Gonçalves que batisou o local como Mimosa. O José Gonçalves foi herdeiro do terreno porque era casado com uma filha do dono do Monte Porto Ferreira, Manuel Ilhéu, o pai deixou-lhe várias courelas, tudo vendeu, não tinha filhos, nem vicios maléficos, foi para Lisboa e acabou empregado numa Estação de serviço. Apenas tinha uma pequena casa na Rua Luis de Camões, em Alvalade, que foi herdada por um sobrinho. O pai “Mata Lobos” era um dos homens mais ricos da vila, extremamente poupado, dele se dizia que não comia uma azeitona de uma vez, porque levava um ano a criar.
Só teve um filho, o José Gonçalves que herdando tantos valores tudo destruiu terminando a vida empregado a vender Gasolina. Histórias curiosas desta freguesia.
JRN
Gostei de saber as origens da Mimosa. Obrigado!
Muito bom. Seria um prazer ler outras histórias sobre a Mimosa.
Bem hajam.
Gabriel
Passo à Mimosa muitas vezes onde almoço.
Adorei este trabalho e de saber a história daquela povoação tão movimentada.
Obrigada.
Guardo a Mimosa no meu coração…aonde morei nos anos 70…pois desconhecia…a sua origem …li atentamente…e adorei saber a sua história…obrigado…e um bem haja…para quem fez este lindo…e muito interessante trabalho….
Muito obrigado, Valentina! LPR